O alegretense Matteus Amaral, vice-campeão do BBB 24, ingressou na universidade por meio do sistema de cotas raciais. Ele se declarou preto para cursar engenharia agrícola no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFar), em 2014. A informação foi confirmada a GZH pela instituição.
A história começou a circular nas redes sociais na quinta-feira (13), após uma usuária do X (antigo Twitter) identificada como @hablasuzzy divulgar um documento de inscrição de Matteus no Instituto.
“Uma pessoa chamada MATTEUS AMARAL VARGAS ingressou no Instituto Federal Farroupilha, no Rio Grande do Sul, em 2014, por meio de ações afirmativas (COTAS). Ele não optou pela ampla concorrência (AC) e sim por se autodeclarar PRETO, com renda baixa e de escola pública”, disse na publicação. Ela acrescentou que, no mesmo documento, também é possível ver o nome da mãe do ex-BBB, Luciane da Silveira Amaral, que também se autodeclara como uma mulher preta.
Ainda na quinta, Matteus publicou um vídeo nos stories do Instagram em que sua mãe comenta o caso. Enquanto o ex-BBB posa com um filhote de ovelha, Luciane diz ao fundo:
— Já ouvi dizer que isso aí não dá nada. Se eu me declarei negra, sou negra.
O gaúcho apagou o vídeo em seguida, mas o registro foi recuperado por internautas e divulgado nas redes sociais. Procurados pela reportagem de GZH, Matteus e a mãe ainda não se pronunciaram sobre o caso.
Em nota, a instituição explica que, em 2014, “o estudante Matteus Amaral Vargas ingressou no curso de bacharelado em Engenharia Agrícola oferecido em conjunto com a Unipampa”. E confirma: “A inscrição dele foi feita nas vagas destinadas a candidatos pretos/pardos. Essas informações constam no Edital nº 046/2014, que é público e traz o resultado da seleção desse curso naquele ano. Esse curso, oferecido em conjunto com a Unipampa, não é mais ofertado pelo IFFar desde 2021. O Matteus Amaral Vargas também não é mais estudante do IFFar“, destaca o comunicado. Em sua participação no BBB 24, ele contou que trancou o curso no quinto semestre para cuidar da avó, Neuza França.
A nota do IFFar ainda ressalta que o processo de ingresso pelas cotas mudou ao longo dos anos e que “naquela época (2014, quando o ex-BBB ingressou no curso), de acordo com a Lei de Cotas de 2012, o único documento exigido para a inscrição nas cotas era a autodeclaração do candidato”. Dessa forma, não havia mecanismo de verificação ou comprovação da declaração do candidato. “Os editais, contudo, continham a informação de que, ‘a constatação de qualquer tipo de fraude na realização do processo sujeita o candidato à perda da vaga e às penalidades da Lei, em qualquer época, mesmo após a matrícula'”, pontua o comunicado.
Como não havia nenhum mecanismo específico de verificação de autodeclaração implantado, o IFFar esclarece que as possíveis fraudes eram apuradas apenas se houvesse denúncia. Ou seja, alguém deveria fazer uma denúncia formal na Ouvidoria da instituição.
“Nesse caso, a questão poderia ser investigada internamente, por meio de um processo administrativo normal, que assegurasse ampla defesa de todas as partes. Nenhuma denúncia desse tipo foi feita na época”, acrescenta a nota.
Por fim, o IFFar garante que a política nacional de cotas foi sendo aperfeiçoada com o tempo. Um dos mecanismos implantados é a heteroidentificação, adotada pela instituições desde as seleções realizadas em 2022 para ingresso em 2023. “Atualmente, cada campus do IFFar possui uma comissão composta por três pessoas titulares e duas suplentes que atua em todos os processos de seleção dos estudantes”, finaliza o comunicado.
Fonte: GZH