Um homem foi preso preventivamente, na noite de terça-feira (25), por suspeita de envolvimento na morte da enfermeira Priscila Ferreira Leonardi, em Alegrete, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Segundo o Ministério Público (MP), o preso é apontado como autor do crime e de uma tentativa de estupro contra a vítima. Relembre o caso abaixo.
A prisão ocorreu após uma das audiências de instrução do caso, na qual foram ouvidas testemunhas do processo. Outras quatro pessoas já são rés por extorsão qualificada majorada e ocultação de cadáver, entre elas um primo de Priscila, apontado pela polícia como o mandante do crime. Também na terça, a Justiça manteve a prisão preventiva dos quatro denunciados.
O quinto preso não teve o nome identificado pelo Tribunal de Justiça.
Conforme a denúncia do MP, os bens e valores pertencentes à vítima seriam divididos entre os envolvidos. O crime teria começado a ser planejado em janeiro de 2023, com a divisão de tarefas e a definição da repartição dos lucros que os criminosos viessem a obter.
Relembre o caso
Priscila morava e trabalhava em Dublin, na Irlanda, desde 2019, e viajou a Alegrete, cidade onde nasceu, para visitar parentes. O último emprego dela no Brasil foi em um hospital da Serra, e ela havia se mudado para a Europa para aprender inglês e se qualificar na profissão.
A enfermeira foi vista com vida pela última vez em 19 de junho de 2023, após sair da casa do primo. De lá, Priscila iria para a casa de uma prima, a 5 km de distância, onde estava hospedada.
O corpo da enfermeira foi encontrado pela polícia em 6 de julho às margens do Rio Ibirapuitã, que corta a cidade. Priscila foi enterrada no dia seguinte, na presença de familiares e amigos – o primo ajudou a carregar o caixão.
Motivação
Segundo o advogado Rafael Hundertmark de Oliveira, que representava a enfermeira, ela teria feito uma permuta, envolvendo a porcentagem de um imóvel, para ficar com a parte de um campo que havia sido doada ao primo.
A doação de parte do campo teria ocorrido pouco tempo antes da morte do pai de Priscila. Segundo Oliveira, o primo cuidou do pai da enfermeira por algumas semanas, quando o homem estava doente.
O pai de Priscila morreu em 2020. Metade do campo ficou para a enfermeira e a irmã dela, por direito, e os outros 50% ficaram para o primo, mediante doação. Metade da casa onde o pai morava já era de Priscila, em razão do inventário de sua mãe. A outra metade era objeto de um outro inventário, do pai, e ficaria para a enfermeira e a irmã.
De acordo com Oliveira, Priscila não tinha interesse na casa. Então, entre o fim de 2021 e o início de 2022, ela teria feito uma permuta de sua parte no imóvel pelo percentual do campo que o pai doou ao primo. O primo teria vendido a parte dele do campo para uma terceira pessoa, ficando com a casa e o dinheiro da transação. Em junho de 2022, foi feito um acordo para o primo pagar o valor da venda do campo para Priscila em seis meses (de julho a dezembro).
Segundo o advogado, não houve pagamento. Em janeiro de 2023, o representante de Priscila ingressou com uma ação de cobrança.
Processo
O primo de Priscila, Emerson Leonardi, foi apontado pela Polícia Civil como mandante do crime. A defesa do acusado sustentou que houve “diversas falhas no inquérito” do caso. O homem, que chegou a carregar o caixão da prima no enterro, foi preso poucos dias depois.
Ao todo, nove pessoas foram denunciadas pelo MP. Contudo, o juiz Rafael Echevarria Borba aceitou a denúncia contra quatro deles – o primo da vítima e os outros três, que não tiveram os noves divulgados.
A Promotoria atribuiu três crimes aos denunciados: extorsão qualificada majorada, ocultação de cadáver e associação criminosa. O juiz, por sua vez, aceitou a denúncia quanto aos crimes de extorsão qualificada majorada e ocultação de cadáver, por entender que não foram apresentados elementos que comprovassem a acusação de associação criminosa.
Fonte: G1 RS