Devid Carvalho, 22 anos, que matou a ex-companheira foi condenado a 24 anos e quatro meses de prisão em Chapecó, Oeste de Santa Catarina, nesta sexta-feira (12). Laisa Gonçalves, de 20 anos, foi morta com disparos de arma de fogo ao chegar no local de trabalho em novembro de 2023.
Após mais de nove horas de julgamento, o ex-companheiro de Laisa foi condenado em regime inicialmente fechado. Cabe recurso da sentença, mas a Justiça negou ao réu o direito de recorrer em liberdade e ele segue preso preventivamente.
Conforme o MP (Ministério Público) o Deivid não aceitava o fim do relacionamento e matou a ex-companheira na frente do local de trabalho dos dois, no interior do município.
Homicídio triplamente qualificado
Ele foi denunciado pelo MP e condenado pelo Tribunal do Júri por homicídio triplamente qualificado pelo feminicídio, motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. O réu também foi condenado por porte irregular de arma de fogo.
O pai da vítima, Silvio Marcos Brasil Corrêa, acompanhou o julgamento com outros familiares e ressalta que a filha era uma menina doce, amada pelos pais e pela família.
Corrêa afirmou ao MP que Laisa deixou um laço de amizade por onde passou. “Ela não está aqui para se defender e contar o quanto ela sofreu nas mãos dele, mas eu espero que, a partir de hoje, a justiça comece a ser feita em prol da memória da minha filha”, declarou.
Brutalidade do crime
A Promotora de Justiça Marcela de Jesus Boldori Fernandes, que representou o MPSC na sessão, ressaltou a brutalidade com que o crime foi praticado e afirmou que em casos como esse a condenação tem um papel pedagógico.
Fernandes destaca que o caso demonstra o quanto é necessário avançar no combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. No ano de 2023, a cada seis horas uma mulher foi morta no nosso país. Esse é um dado gravíssimo, é um massacre de mulheres que ainda existe”.
Conforme a promotora, o MP está satisfeito com a condenação e espera que sirva de exemplo para que os homens respeitem as mulheres. “Este caso demonstra que a sociedade não admite essa conduta e pune exemplarmente os homens que praticam essa espécie de crime”.
Medidas protetivas contra o ex-companheiro
Conforme o processo, testemunhas próximas da vítima relataram que o casal tinha um relacionamento conturbado por conta da agressividade do homem. Cerca de 20 dias antes do crime, houve a separação de fato, e a vítima e o filho, que na época tinha dois anos, passaram a morar na casa do pai dela.
Após a separação, a mulher registrou um boletim de ocorrência, pois sofria ameaças desde a saída de casa e teve medidas protetivas de urgência deferidas no dia 2 de novembro para que o réu não se aproximasse dela nem mantivesse qualquer contato.
Porém, na manhã de 13 de novembro de 2023, a vítima estava a caminho do trabalho em uma van oferecida pela empresa para os funcionários quando, em uma das paradas, o réu entrou no veículo. Ele também trabalhava na empresa.
Assim que a van estacionou em frente ao portão de entrada do trabalho, ele desceu, aguardou ela sair e atirou duas vezes contra a ex-companheira que estava de costas.
Segundo o MP, ela caiu no chão e ele disparou novamente contra o rosto da mulher. Ainda, o condenado tentou efetuar mais disparos, porém, a arma falhou. Laisa não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Após o crime, o réu tentou fugir e entrou numa área de mata próxima da empresa, mas logo foi encontrado e preso em flagrante por policiais militares que auxiliaram no atendimento da ocorrência.