As obras para instalação de uma cobertura em uma quadra de esportes em uma escola na área central de São Borja revelaram verdadeiras relíquias arqueológicas que remontam há séculos passados, incluindo vestígios da antiga redução jesuítico-guarani de São Borja, fundada em 1682.
O trabalho de pesquisa está sendo feito pelas arqueólogas Kelli Bisognin e Sabrina Ribeiro, da Sophia Cultural, no Colégio Sagrado Coração de Jesus.
“Fizemos a limpeza de todas as aberturas feitas para a instalação das sapatas/alicerce da nova cobertura. Registramos as estruturas encontradas e peneiramos a terra que saíram das aberturas para coletar o material arqueológico existente”, conta Kelli, em contato com a Rádio Missioneira.
Até agora, a pesquisa encontrou, por exemplo, estruturas que seriam das oficinas da redução jesuítica, com pedras e pisos. Também foi localizada uma estrutura que lembra um poço, mas por estar a um pouco mais de um metro de profundidade, poderia ser um paiol. Segundo a arqueóloga, a obra pode ser da fase do repovoamento da cidade.
“Como é uma estrutura inédita, temos que entendê-la melhor para poder fazer uma afirmação. A pesquisa não acabou ainda”, disse Kelli.
Quanto ao material arqueológico oriundo do peneiramento, os trabalhos encontraram desde material lítico, que são artefatos feitos de pedra polida e lascada, cerâmica Guarani, louças, porcelana, vidros, tinteiros inteiros de cerâmica, metais antigos e cartuchos de munição da época militar.”Um acervo riquíssimo da época da missão, da ocupação militar e da época do repovoamento”, avalia.
Conforme a arqueóloga, a pesquisa entrará, em breve, em uma nova fase de acompanhamento e evidenciação das estruturas. O objetivo é deixá-las expostas, através de janelas arqueológicas. Os alunos poderão andar sobre as estruturas e vê-las. “Será a primeira escola do Brasil a ter janelas arqueológicas”, finaliza Kelli.
Fotos: reprodução/Kelli Bisognin
Fonte: Rádio Missioneira