Um dos fundadores da ordem religiosa que instalou um santuário dedicado a Lúcifer em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, vê como “ato de intolerância” a interdição do espaço. Mestre Lukas de Bará da Rua questiona a celeridade de decisão judicial que também impediu a inauguração, prevista para a terça-feira (13). O local não possui alvará de funcionamento, Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e CNPJ constituído.
“É um ato de intolerância. Porque eu duvido que fariam isso com uma igreja. Tem igrejas que funcionam sem alvará, tem retiros espirituais que as igrejas fazem no Carnaval, ninguém pede se eles estão lá com alvará ou não. Mas para nós foi pedido, e a Justiça acatou muito rápido”, sustenta.
A 4ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública de Gravataí atendeu a um pedido liminar da Prefeitura e negou qualquer perseguição religiosa.
“A decisão considerou que a liberdade religiosa é um direito fundamental, consagrado na Constituição Federal. No entanto, observou que os templos religiosos devem cumprir exigências para o funcionamento”, explicou a Justiça.
Está prevista uma pena de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento da medida. Mestre Lukas de Bará da Rua afirma que na quarta-feira (14), após “todas as tentativas de recurso negadas”, os fundadores iniciaram o envio dos documentos necessários para regularização.
A Prefeitura de Gravataí, responsável pelo pedido de interdição do templo, informou que “não há qualquer vinculo ou recurso público no empreendimento” e que foi gerada “insegurança diante da grande repercussão causada pelo tema”.
A estátua de Lúcifer, construída a pedido da ordem religiosa, foi instalada na sexta-feira (9). Com o pedestal, o monumento chega a cerca de 5 metros de altura. A imagem fica em um santuário dedicado à divindade, que seria inaugurado no dia 13 de agosto.
A imagem pesa uma tonelada e custou R$ 35 mil, paga por integrantes da Nova Ordem de Lúcifer na Terra. A estátua, produzida em cimento por um ateliê, retrata a dualidade do homem humano e do esqueleto, com pés e asas, representando o espírito da divindade, segundo o religioso.
A notícia da criação do santuário com a estátua de Lúcifer provocou polêmica na cidade. Nas redes sociais, algumas pessoas elogiaram a iniciativa, ressaltando o respeito à fé alheia, enquanto outras pessoas criticaram, associando a religião a algo demoníaco.
Lukas de Bará da Rua é um mestre de quimbanda independente e trabalha com cartas e búzios negros. Em maio, o religioso atuou na criação de um monumento dedicado a Exu no município.
Fonte: G1RS