A velha política ainda continua organizada. Diria mais do que nunca. Mesmo em um cenário onde há uma crescente demanda por renovação e transparência, o modelo tradicional de fazer política persiste e se reinventa. É um jogo de aparências, onde as estratégias antigas são adaptadas e modernizadas, mantendo o mesmo objetivo de sempre: conquistar o poder a qualquer custo, mesmo que para isso seja necessário utilizar o “Canto da Sereia” da demagogia.
Planos de governo registrados na justiça eleitoral são um exemplo claro desse teatro político. Embora sejam apresentados como compromissos sérios, a verdade é que essas peças não têm imposição legal de execução. O registro serve, sobretudo, para cumprir a obrigatoriedade legal e alimentar discursos durante a campanha. Essas promessas, elaboradas para agradar a diferentes setores da sociedade, raramente são transformadas em políticas públicas efetivas. Tornam-se ferramentas de manipulação, criadas para encantar o eleitorado com falsas esperanças.
O discurso genérico, que fala tudo e não diz nada, é outra arma poderosa da velha política. Frases de efeito, cuidadosamente planejadas, ecoam nos palanques e redes sociais. Elas são criadas para capturar a atenção e despertar emoções, mas não oferecem clareza ou compromisso real. No fim, o que parecia ser um caminho para o desenvolvimento social e econômico se revela apenas mais uma estratégia de sedução do eleitorado.
No atual cenário, a modernização dessas práticas ganha novo fôlego com o uso de plataformas digitais. Com o alcance ampliado pelas redes sociais, os discursos enganosos ganham uma nova roupagem. Ferramentas de marketing político permitem segmentar o público, direcionando mensagens específicas que reforçam os desejos e as expectativas de cada grupo social.
Chegou o momento de refletirmos e compreendermos as regras desse jogo espúrio. Mais do que nunca, é essencial que os cidadãos estejam conscientes das armadilhas do discurso político vazio e façam escolhas racionais, baseadas em propostas concretas e viáveis. Precisamos analisar, com rigor e criticidade, o que é realmente melhor para a sociedade e não nos deixarmos seduzir pelas falsas promessas. O futuro exige discernimento e coragem para romper com a velha política e suas práticas enganosas.
Eduarda Falcão – Escritora brasileira
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