Há regras universais que regem a vida de maneira inquestionável, sendo o equilíbrio um dos pilares fundamentais que sustentam a evolução de todas as formas de existência. O conceito de oposição, em suas variadas manifestações, está presente tanto nas interações pessoais quanto em toda a natureza, representando uma força essencial que transcende o livre-arbítrio e influencia ideologias, sociedades e comportamentos.
Sempre que uma força direcionante surge, outra se manifesta em sentido inverso. Esse é o princípio que rege o universo. Ele se protege, equilibrando energias e neutralizando os desequilíbrios que surgem. Desde as partículas atômicas que conhecemos até os elementos ainda desconhecidos, essa regra se mantém como uma constante. A oposição não é um acidente, mas uma necessidade estrutural que permite a continuidade da vida e da harmonia universal.
Entre as pessoas, essa dualidade também se manifesta. A razão, por mais poderosa que seja, cede espaço a esse fenômeno inevitável. Sentimentos emergem e obscurecem percepções, gerando pontos de vista completamente antagônicos. O que é claramente visível para uns, permanece nebuloso para outros. Esses eventos não ocorrem apenas em nível individual, mas também de forma coletiva, como um efeito dominó que abala estruturas sociais e culturais.
Talvez seja esse o motivo para tantos antagonismos políticos que temos presenciado no mundo. Dois polos se formam constantemente, distanciando-se um do outro, sem que um anule o outro completamente. Ao contrário, esses extremos coexistem, criando um campo de forças que define o movimento das sociedades, ora aproximando, ora afastando as partes, mas sempre mantendo a presença do oposto como condição de existência.
Compreender esses paradoxos existenciais é fundamental para superarmos as intolerâncias que permeiam as relações humanas. Somente ao aceitar que os contrários são inseparáveis poderemos cultivar a paciência necessária para lidar com a complexidade do mundo. E, acima de tudo, devemos lembrar que, assim como em toda a criação, nada acontece sem a permissão Divina – nem mesmo a queda de uma folha.
Este entendimento, portanto, nos leva a reconhecer a interdependência dos opostos, não como um conflito sem solução, mas como uma dança cósmica, em que forças complementares se equilibram eternamente.
Eduarda Falcão – Escritora brasileira
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