O governador Eduardo Leite disse nesta quinta-feira (26) que não aceitará cortes no orçamento federal destinados à recuperação do Rio Grande do Sul e argumentou que o governo Lula deveria mirar despesas desnecessárias para reduzir o déficit público. Pressionado sobre o resultado fiscal de 2024 pelo mercado, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse à agência Bloomberg nesta semana que a equipe econômica cancelará parte dos R$ 40,5 bilhões em créditos extraordinários que foram excluídos da meta fiscal deste ano — recursos que são em grande parte voltados ao RS.
O valor do corte, segundo o secretário informou, pode chegar a R$ 10 bilhões. Para Leite, a prioridade do governo deveria ser voltada a combater a ineficiência da máquina pública e não a reduzir investimentos em um Estado assolado pela enchente.
— O esforço que o governo federal deve fazer para ajustar as suas contas e conter o seu déficit é compreensível e necessário. Mas ele não vai resolver o déficit cortando os recursos para uma região que foi fragilizada, que está em calamidade reconhecida pelo Congresso e que recebeu promessas de ajuda do governo federal. Não vamos aceitar cortes para o Rio Grande do Sul, vamos nos mobilizar e garantir pressão para que os cortes não aconteçam — sustentou.
Um dos efeitos que precisa ser evitado, segundo o governador, é que a redução do orçamento comprometa, por exemplo, o sistema de contenção de cheias. O governo federal prometeu investir entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7 bilhões para construção de diques e outras estruturas que evitem que Porto Alegre e outras cidades do entorno fiquem alagadas novamente. Na ocasião em que o fundo foi anunciado, o governo Lula garantiu que irá blindar a verba para garantir a execução das obras.
— Houve anúncio da constituição de um fundo para o sistema de contenção de enchentes, ajustamos com o presidente da República a governança, mas este fundo ainda não foi formalizado. Então, vamos pressionar também para que sejam garantidos os cerca de R$ 7 bilhões que vão financiar o sistema — acrescentou o governador.
Sem entrar em detalhes sobre áreas que seriam atingidas, o secretário do Tesouro argumentou na entrevista que parte da verba reservada ao Rio Grande do Sul não seria mais necessária. A coluna solicitou esclarecimentos à área econômica do governo, mas ainda não recebeu retorno.
— Historicamente, e isso não é uma crítica a este governo, a União investe no Rio Grande do Sul muito menos do que representamos no PIB nacional. Precisou da calamidade para que finalmente dirigissem os olhos para nós. Não vamos aceitar que agora cortem recursos necessários — finalizou Leite.
Fonte: GZH