Uma disputa entre dois grupos criminosos por pontos de tráfico gerou parte das ocorrências em Santo Ângelo nos últimos dias. Há quase uma semana, o município do Noroeste gaúcho soma casos envolvendo veículos incendiados, ataques a tiros e pelo menos duas mortes. Nenhum suspeito foi preso até o momento.
De acordo com a Polícia Civil, os registros de violência começaram no sábado, quando um homem de 42 anos foi alvo de disparos, no bairro Kurtz, mas sobreviveu. A instituição aponta que ele tinha antecedentes criminais e seria envolvido com o tráfico.
Na segunda-feira, um ataque a tiros resultou na morte de um homem de 29 anos no bairro Harmonia. Outros dois, de 19 e 22, ficaram feridos. Os três tinham registros policiais. Na mesma ocasião, tiros também foram efetuados contra a residência de um traficante.
Na manhã de quinta-feira, um carro de aplicativo foi incendiado na zona sul de Santo Ângelo, mas ainda não há comprovação que o episódio tenha elo com a guerra entre facções. Também na data, no bairro Harmonia, um adolescente de 16 anos foi executado. O jovem teria envolvimento com a venda ilegal de drogas.
Ainda na quinta-feira, no turno da noite, um veículo foi incendiado no bairro Pilau. O carro era um Renault Clio cinza com placas de Palhoça (SC). Não é descartado o uso do automóvel em alguma das ações criminosas anteriores.
A Polícia Civil destaca que, ao contrário do que foi veiculado em redes sociais e na mídia local, não houve morte de mulher no bairro João Goulart ao longo da semana. Também não há registro oficial de tiroteio nos bairros Alcebíades e Dido, apenas conversas em grupos de WhatsApp.
De acordo com o delegado regional Charles Dias do Nascimento, os crimes envolvem faccionados de Santa Rosa e Ijuí, além de moradores de Santo Ângelo. Ele alerta que o confronto gira em torno do mercado consumidor de drogas, que é fomentado por usuários.
“De fato ocorrem confrontos entre grupos criminosos na região, e parte das ocorrências tem relação com isso. Contudo, é importante salientar que guerras do tráfico são fruto de um mercado consumidor. Não medimos esforços para pacificar a situação, mas é preciso ter consciência que os conflitos do crime organizado são movidos por usuários, que mantêm constante a demanda por entorpecentes”, destacou o delegado Charles Dias do Nascimento.
Entenda a guerra de facções
O conflito seria impulsionado por dois homens apontados como lideranças de facção no Noroeste gaúcho. Um deles está recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). As condenações dele acumulam mais de 240 anos de pena por tráfico, homicídio, roubo a estabelecimentos comercial, extorsão mediante sequestro, associação criminosa, entre outros.
O outro é um traficante de Santa Rosa, que responde por homicídio, roubo, tráfico, porte ilegal de armas, entre outros delitos. Ele cumpriu pouco mais de 10 anos de pena, mas acabou recebendo benefício de prisão domiciliar e está fora da cadeia, com tornozeleira eletrônica.
Fonte: Correio do povo