O caminhão envolvido no acidente com a van da equipe de remo de Pelotas, que deixou nove mortos no domingo passado, tinha parado ao menos três vezes por problemas mecânicos naquele final de semana.
Uma reportagem do Fantástico deste domingo (27) mostrou imagens das câmeras da rodovia e revelou que, de acordo com a investigação, apenas um dos 10 freios da carreta funcionava plenamente. Quatro estavam desgastados e cinco não operavam.
— Meu caminhão ficou sem freio. Tentei ligar o freio motor, não segurou, o caminhão se apagou. Tentei engatar, fazer pegar no tranco, não pegou, e foi isso que aconteceu. Infelizmente eu bati em uma van — disse o motorista da carreta, Nicolas de Lima Pinto, 30 anos, em depoimento por vídeo.
Morreram sete adolescentes e o coordenador técnico do projeto Remar para o Futuro, equipe de remo de Pelotas. O motorista da van que transportava o grupo também morreu. Veja quem eram as vítimas.
O dono do caminhão, Heloide Longaray, afirmou à polícia que os freios foram revisados em setembro.
No local, que é uma região cheia de curvas na BR-376 em Guaratuba, Paraná, o limite de velocidade é de 60 km/h. Conforme apurações preliminares da polícia, na hora da batida, sob chuva e neblina, o caminhão passava dos 100km/h.
Depois do acidente, Nicolas passou no teste do bafômetro e se disponibilizou a fazer um exame toxicológico.
Problemas mecânicos
O caminhão ficou sem combustível na estrada na sexta à noite, quando ainda estava em São Paulo, conforme a polícia. O veículo levava mais de 20 toneladas de carga à Argentina. No sábado de manhã, já no Paraná, teve um problema na embreagem. Nicolas foi rebocado e acionou o dono do veículo.
Ele chegou a substituir a embreagem, mas deixou o posto antes de concluir o serviço por conta de um problema na caixa de câmbio. No dia seguinte, um outro mecânico terminou o reparo. Era noite de domingo quando Nicolas seguiu viagem, mas só andou um quilômetro e parou de novo para reparo de um fio ligado ao sistema de marchas, que estaria rompido.
A defesa de Nicolas informou que “em todo tempo o motorista dirigia de forma prudente e compatível com a via” e que um “eventual excesso de velocidade deve ser atribuído à falha mecânica que atingiu o sistema de freios do veículo”.
Por sua vez, a defesa do dono da carreta afirma que “todas as normativas para o trânsito e a segurança do veículo foram atendidas”.
Fonte: GZH