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Prefeitura de São Borja avalia retirada de bugios das praças para proteção da saúde pública

Nesta segunda-feira (28) em entrevista à Rádio Fronteira, a veterinária Janaína Leivas, responsável pela vigilância sanitária do município, destacou a possibilidade de retirada do macaco Chico e de outros bugios das praças da cidade. O principal motivo é a segurança pública, considerando casos recentes de acidentes, como o ataque a uma criança de um ano. O cenário levanta questões sobre o bem-estar dos animais, a segurança dos moradores e a necessidade de uma convivência harmônica entre fauna e sociedade. São Borja vive atualmente um debate importante sobre a convivência, especialmente os bugios, nas áreas urbanas. 

Foto: Reprodução rádio fronteira FM

Contexto e histórico da presença dos bugios

Os bugios vêm sendo observados com maior frequência em praças de São Borja. Historicamente, esses animais se deslocam entre áreas de vegetação nativa, mas com o avanço urbano, passaram a conviver mais de perto com os habitantes locais. O macaco Chico, em particular, tornou-se uma figura conhecida e até admirada por muitos moradores. Entretanto, a proximidade com os humanos não é natural para esses animais e traz uma série de implicações.

Janaína Leivas destacou que a presença dos bugios nas praças se intensificou nos últimos anos, e com ela, o risco de acidentes também aumentou. Segundo ela, é comum que as pessoas alimentem esses animais, seja por curiosidade ou afeto, prática que pode resultar em mudanças de comportamento nos bugios. “O contato direto e a alimentação inadequada transformam o comportamento dos animais, que perdem o medo dos humanos e podem se tornar agressivos. Quando se sentem ameaçados ou quando sua rotina é perturbada, reagem de maneira defensiva”, explica a veterinária.

A relação entre saúde pública e segurança

A vigilância sanitária entende que a retirada dos bugios das áreas públicas é uma medida preventiva e justificada para a proteção da saúde e do bem-estar de ambos — tanto da população quanto dos próprios animais. Os casos de agressão e acidentes envolvendo crianças são um sinal de alerta para a administração municipal. A responsabilidade com a saúde pública exige cautela quando há um risco potencial de acidentes com animais selvagens, que, além do trauma físico, podem transmitir zoonoses.

A veterinária enfatizou que uma das orientações principais é evitar a alimentação dos animais. A prática, além de ser prejudicial, pode gerar uma dependência em relação aos humanos. Janaína Leivas explica que, em ambientes urbanos, a alimentação humana é completamente inadequada para os bugios e outros animais silvestres, levando a problemas de saúde para eles e até mesmo a doenças infecciosas que podem afetar as pessoas. Além disso, há o risco de que a comida oferecida pelos humanos interfira nos hábitos naturais de forrageamento dos bugios, afetando sua capacidade de encontrar alimentos em seu ambiente natural.

Procedimentos e alternativas em estudo

A possibilidade de remoção dos bugios é acompanhada por um processo rigoroso de análise. Segundo Janaína, a equipe da vigilância sanitária estuda as melhores práticas para realizar essa transição de forma segura e eficiente, tanto para os bugios quanto para a população. “Estamos consultando biólogos, veterinários especializados em fauna silvestre e outras autoridades ambientais para encontrar a solução mais ética e segura. A remoção é uma medida drástica, mas neste momento parece ser a única forma de garantir a segurança de todos“, esclareceu.

Entre as opções, está o deslocamento dos bugios para reservas ambientais, onde eles possam viver em um ambiente mais próximo de suas condições naturais. Essa alternativa, no entanto, envolve desafios logísticos e um estudo prévio para garantir que a nova localização dos animais lhes ofereça condições adequadas para sobrevivência e adaptação.

Mobilização e conscientização da comunidade

Além dos esforços da vigilância sanitária, a conscientização da comunidade é fundamental para evitar novos incidentes. Janaína Leivas mencionou a necessidade de educar a população quanto à preservação da vida selvagem e à importância de respeitar o espaço desses animais. Informações sobre a importância de manter distância e evitar alimentar os bugios vêm sendo divulgadas como uma estratégia para reduzir os riscos de acidentes e melhorar a convivência com a fauna local.

A veterinária reiterou que essa é uma oportunidade de a comunidade se engajar no cuidado com o meio ambiente e entender o impacto de suas ações sobre os animais silvestres. “Os bugios são um símbolo da nossa fauna e podem conviver em harmonia conosco, desde que respeitemos o espaço deles. A preservação da natureza começa com pequenas atitudes, como evitar a aproximação excessiva”, ressalta.

Implicações ambientais e o papel da vigilância sanitária

A questão dos bugios em São Borja reflete um problema mais amplo enfrentado por várias cidades brasileiras, onde a fauna local se encontra em áreas urbanas. Ao decidir sobre a possível remoção, o papel da vigilância sanitária se mostra essencial para equilibrar a segurança pública e a preservação ambiental. A retirada dos bugios e a gestão de sua população nas áreas urbanas são uma resposta a um problema que, embora tenha ganhado visibilidade com o caso do macaco Chico, é recorrente em locais onde o avanço da cidade encontra a vida selvagem.

A iniciativa visa não apenas a segurança imediata, mas também uma convivência mais consciente entre humanos e animais a longo prazo, contribuindo para o bem-estar da comunidade e da biodiversidade. Ao encerrar a entrevista, Janaína Leivas ressaltou o compromisso da vigilância sanitária em realizar essa transição de maneira cuidadosa e respeitosa, e reiterou que a colaboração dos moradores é vital para o sucesso de qualquer medida.

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