Profissionais apaixonados pela profissão e obstinados por salvar vidas. Assim são descritos por colegas os dois bombeiros que seguem desaparecidos após o incêndio que destruiu o prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, na noite de quarta-feira (14).
Até o momento, as autoridades não divulgaram os nomes, mas a reportagem de GZH confirmou tratar-se do tenente Deroci de Almeida da Costa e do sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhoz. Equipes de busca acreditam que eles ainda podem ser encontrados com vida entre os escombros.
O tenente Almeida, nome de guerra de Deroci, atuava na última noite como o oficial de serviço, o responsável por despachar viaturas para o combate ao incêndio na Capital. Casado e pai de dois filhos, o bombeiro está na corporação desde dezembro de 1998.
A major Cristiane Nunes de Oliveira, que faz parte da Associação dos Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Abergs), disse que Almeida “vestia a camiseta de bombeiro”.
— Incansável pelo trabalho da instituição. Uma pessoa que se pode contar sempre, nunca tinha problema — destacou.
A oficial comenta que o tenente trabalhou por muitos anos na seção de Prevenção de Incêndio, responsável pelos Planos de Prevenção e Combate contra Incêndios (PPCI).
Já o sargento Munhoz está na corporação desde 1990 e, atualmente, trabalha na Divisão de Logística e Patrimônio do Corpo de Bombeiros. Mesmo com tempo de serviço para estar aposentado, segue na ativa. Na noite do incêndio, de folga, decidiu ir para o local ajudar mesmo assim.
Munhoz recebeu a medalha de ouro de serviços prestados em 2020, pelo comando dos Bombeiros, por sua trajetória na corporação. Em 2009, foi entrevistado pelo Diário Gaúcho após ajudar a retirar um carro da água no Arroio Dilúvio. À época, contou que era preciso “gostar muito” da profissão para fazer tarefas como aquela.
O cunhado de Munhoz também é bombeiro e decidiu ingressar na corporação após admirar o trabalho do familiar. Na manhã desta quinta-feira (15), o parente auxiliava os demais bombeiros na esperança de encontrar Munhoz com vida.
A major Cristiane também trabalhou com o sargento.
— É um profissional extremamente dedicado. Isso fica claro quando recordamos que veio ao local do incêndio mesmo de folga — frisou a colega.
Coordenador-geral da Abergs, o tenente-coronel Ederson Carlos Franco Da Silva conta que a associação está auxiliando as equipes, entregando lanches para alimentar os servidores, que desde ontem estão combatendo as chamas.
— Estamos em oração e aguardando. Mantemos o pensamento positivo. A gente nunca esmorece ou procura se resignar. Estamos com a atitude positiva assim como as guarnições que estão trabalhando — complementou.
Agentes entraram no prédio em chamas
De acordo com bombeiros que trabalham nas buscas, duas equipes entraram no prédio em chamas no início do incêndio, com o objetivo de tentar combatê-lo em sua origem. Uma delas conseguiu sair, mas o tenente Almeida e o sargento Munhoz não foram vistos mais na parte de fora.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel César Eduardo Bonfanti, disse em coletiva de imprensa que acredita que os dois militares ficaram presos no momento em que o prédio começou a apresentar rachaduras.
— Quando começa com situações de rachadura, é importante o recuo dessas equipes (de dentro do prédio) e talvez elas não tiveram a oportunidade de sair em determinado momento. É bem provável que isso tenha acontecido — explicou.
Fonte: Gaúcha ZH