O alvo da ação é um policial rodoviário federal suspeito de envolvimento com contrabandistas em Santana do Livramento/RS
A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (11/06), a Operação DEPARTES, que tem como alvo um policial rodoviário federal suspeito de envolvimento com contrabandistas da região, o qual se utilizava de uma empresa da família para receber vantagens indevidas e promover a lavagem de dinheiro e de patrimônio angariado com o crime.
Policiais federais cumpriram 4 mandados de busca e apreensão, ordens de indisponibilidade de bens em montante aproximado a R$ 4,6 milhões. Também foi promovido o afastamento do investigado do cargo público. As medidas foram expedidas pela 2ª Vara Federal da Santana do Livramento.
A hipótese investigada é no sentido de o principal investigado manter a gestão ilegal de um posto de gasolina e transportadora, a qual seria utilizada para se consorciar com diversas pessoas suspeitas de contrabando/descaminho na região. Suspeita-se que o investigado vendesse seus serviços de transporte como maneira dissimulada de fornecer blindagem e contrainteligência para carregamentos ilícitos.
A investigação demonstrou que o próprio policial participava de carregamentos clandestinos realizados a partir do Uruguai, fornecendo caminhões e realizando o transporte da mercadoria.
Além disso, identificou-se que o agente público fornecia informações sigilosas às pessoas que contratassem sua empresa. Os contratantes dos serviços recebiam orientações e informações sobre horários e dias propícios para o transporte e uso de equipamentos especiais de fiscalização rodoviária, por exemplo. Em outras oportunidades, o investigado promovia a liberação de veículos de seus clientes de abordagens e de autuações.
Identificou-se a associação do investigado a dois grupos recentemente investigados pela Polícia Federal de Santana do Livramento, a partir das Operações Fruto Proibido (JUL/22) e Fauda (OUT/22). Somente de empresas/pessoas vinculadas a essas operações, o agente público recebeu R$ 2,1 milhões nos últimos cinco anos. Todavia, não se descarta o envolvimento de outros grupos criminosos com o policial.
Durante as investigações, foram identificados ainda indícios de lavagem de R$ 3,8 milhões através das contas da empresa pertencente ao agente público.
A Polícia Federal trabalha com a hipótese de cometimento dos crimes de facilitação ao contrabando, corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa, prevaricação, violação de sigilo funcional, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Além disso, diversos ilícitos funcionais foram identificados, os quais serão apurados no âmbito da Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal.
A investigação é resultado de uma atuação conjunta da Delegacia de Polícia Federal em Santana do Livramento e do Grupo de Investigação para Repressão à Lavagem de Dinheiro e Crimes Financeiros (LAFIN/RS). O trabalho conjunto deriva de um direcionamento de infraestrutura da Polícia Federal para investigações focadas no viés econômico de delitos.
Registre-se que não há indícios de envolvimento de outros servidores públicos da Polícia Rodoviária Federal no caso.
Fonte: Sentinela 24h