Israel ainda não decidiu sobre o lançamento de uma invasão terrestre na Faixa de Gaza em resposta aos ataques de uma semana e meia atrás do Hamas, grupo militante que controla o enclave palestino. “Todo mundo está falando sobre uma ofensiva terrestre”, comentou o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Richard Hecht, durante entrevista coletiva nesta terça-feira, 17. “(Mas) poderá ser algo diferente”, acrescentou ele.
Segundo Hecht, Israel está se preparando para o caso de uma operação terrestre, mas seu foco é remover líderes e comandantes do Hamas que permanecem em Gaza. Especialistas dizem que uma guerra terrestre nas cidades densamente povoadas da Faixa de Gaza, sob as quais o Hamas escavou uma extensa rede de túneis, poderia acabar custando caro tanto para soldados israelenses quanto para civis palestinos.
Situação precária em Gaza
Os estabelecimentos comerciais da Faixa de Gaza têm comida para mais quatro ou cinco dias apenas, alertou nesta terça-feira (17) o Programa Mundial de Alimentos (PMA), enquanto prossegue o cerco do Exército israelense ao território palestino após o ataque do Hamas que desencadeou o conflito.
“Nas lojas, os estoques (de alimentos) são de apenas alguns dias, talvez quatro ou cinco dias”, afirmou a porta-voz do PMA, Abeer Etefa. Um acordo para a entrada de ajuda humanitária em Gaza continua travado. “Para as lojas é extremamente difícil reabastecer os estoques, que ainda têm reservas de alimentos, mas estão na cidade de Gaza, no norte da Faixa”, explicou a porta-voz do programa de alimentos da ONU.
Israel declarou guerra contra o Hamas depois que o grupo islamita executou, a partir da Faixa de Gaza, uma ofensiva sem precedentes contra o território israelense em 7 de outubro, que deixou pelo menos 1,4 mil mortos, a maioria civis. Desde então, a Faixa de Gaza – um território palestino estreito e superpopuloso governado pelo Hamas e que está sob bloqueio israelense – é bombardeado sem trégua por Israel. Os ataques deixaram pelo menos 2.750 mortos, a maioria civis.
Israel determinou que os moradores do norte de Gaza sigam para o sul do território e milhares de deslocados estão na passagem de fronteira de Rafah, com o Egito, o único acesso que não é controlado por Israel, com a esperança de fugir. A passagem de Rafah está fechada, o que impede a entrada de ajuda humanitária. Um comboio com mantimentos, que aguardava no Sinai (Egito), seguiu nesta terça-feira para o acesso, apesar da fronteira bloqueada.
“Acredito que todos aguardam que possamos entrar”, disse Etefa, antes de destacar que as pessoas que precisam de ajuda estão “a poucos quilômetros”, mas não podem ter acesso à assistência.
Fonte: Correio do povo