Pais e funcionários do Colégio Maria Imaculada, uma das escolas privadas mais tradicionais de Porto Alegre, no bairro Santa Tereza, estão preocupados. Um adolescente que não estuda no colégio entrou nas dependências da instituição, no começo da manhã da última segunda-feira. Ele chegou a entrar em uma sala de aula, mas foi abordado pela professora e deixou o local. Depois ele não foi mais visto. No dia seguinte, foi descoberta na parede do banheiro feminino uma mensagem, em que estava escrito: “Ele voltará armado dia 11/4”.
O colégio afirma que, em análise prévia, ambos os casos não teriam relação, já que o estudante, que é de outra instituição, não foi visto pelas câmeras de segurança invadindo o banheiro depois de deixar a sala de aula. Ou seja, a frase teria sido escrita por outra pessoa. No entanto, o assunto provocou agitação em grupos de aplicativos de mensagens envolvendo pais de outros alunos. Um deles, pai de duas estudantes do Maria Imaculada, disse à reportagem que o caso causou sensação de insegurança.
A escola, segundo ele, tem sistemas que poderiam impedir uma invasão, mas não os utiliza. “Há catracas instaladas, porém elas não funcionam. Os alunos do Ensino Médio também não precisam usar uniforme. Antigamente, existia um adesivo que se colava no carro para identificar os pais que deixavam os filhos na escola. Os pais estão justamente exigindo o cumprimento destas medidas”, afirma o homem que não quis se identificar.
Conforme este pai, o estudante chegou ao Maria Imaculada por volta das 7h15min, pouco antes do início das aulas no turno matutino, que ocorre às 7h30min. Informando ser um novo aluno, ele foi direcionado pelos monitores para a sala de aula. A professora, então, percebeu a presença do estudante, de cerca de 16 anos, e que não tinha um bilhete fornecido pela secretaria para inclusão na chamada, e o encaminhou para lá. O jovem teria deixado o local correndo e, em seguida, fugido da instituição.
O pai das crianças matriculadas relata, porém, que a escola, integrante da Rede Franciscana Bernardina, “está se movimentando”, e a presença da Polícia Civil foi reforçada na área. Ao menos uma denúncia foi feita na 20ª Delegacia de Polícia Civil (20ª DP), e o caso foi encaminhado à Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca). “A escola fez também na noite de terça-feira uma reunião com os pais, sinalizando a obrigação do uniforme e as catracas. São pequenas coisas que, se a escola fizer, já vai controlar melhor a entrada de pessoas”, comenta ele.
Adolescente foi identificado e a segurança reforçada no entorno da escola
O advogado do Maria Imaculada, Ricardo Bertelli, relata que, por medida de segurança, houve a abertura de um boletim de ocorrência, e inclusive as imagens das câmeras já foram encaminhadas à Polícia. “Este aluno já foi identificado pelo Deca, que inclusive foi na casa dele recolher equipamentos eletrônicos. Também acionamos o Ministério Público e o Conselho Tutelar como forma de precaução. Assim como pode ser uma forma de brincadeira adolescente, talvez não seja, então a escola já reforçou todas as medidas de segurança cabíveis e necessárias”, diz Bertelli.
Entre elas, ele confirma que alunos já estão sendo obrigados a entrar com uniforme, e as demais medidas, como a ativação das catracas e inspeção mais detalhada dos veículos, serão implantadas “nos próximos dias”. “Não podemos, de forma alguma, levar a situação de forma tranquila. A polícia tem monitorado a entrada e saída de alunos diariamente”, disse o advogado. Hoje pela manhã, a reportagem visualizou uma viatura da Polícia Civil saindo das dependências do colégio.
O assunto chama a atenção no mesmo dia em que ocorreu o massacre registrado em Santa Catarina, em que um homem de 25 anos invadiu uma escola infantil no município de Blumenau, matando quatro crianças de 4 a 7 anos de idade utilizando um machado e deixando outras quatro feridas. Procurada, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) disse que está fazendo o levantamento do caso de Porto Alegre antes de emitir uma manifestação oficial.
Fonte: Correio do povo