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BM aponta que PMs teriam torturado morador de condomínio e jogado corpo da ponte do Guaíba

O relatório do inquérito policial militar (IPM) realizado pela Brigada Militar para apurar a participação de PMs na morte de Vladimir Abreu de Oliveira, 41 anos, encontrado sem vida no dia 19 de maio, em Porto Alegre, indica que um sargento e um soldado teriam torturado a vítima e, depois, jogado o corpo da ponte do vão móvel do Guaíba, na BR-290. Os dois seguem detidos no presídio da corporação e, assim como outros três soldados, foram indiciados no IPM.

Vladimir desapareceu após uma abordagem realizada em frente ao condomínio Princesa Isabel, na área central de Porto Alegre, por PMs lotados no 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), na noite de 17 de maioSeu corpo foi encontrado dois dias depois, a cerca de 10 quilômetros de onde teria ocorrido a abordagem, no bairro Ponta Grossa, extremo sul da Capital. O episódio ganhou repercussão depois que vizinhos de Vladimir, morador do condomínio, realizaram protesto em que dois ônibus foram incendiados, na noite de 19 de maio.

Zero Hora teve acesso ao relatório do IPM. No documento, a instituição afirma que as investigações apontaram o envolvimento de cinco brigadianos do 9º BPM no desaparecimento e na morte de Vladimir, e narra qual teria sido a participação de cada um (veja abaixo). A investigação da Brigada procura apurar infrações ao Código Penal Militar, e é independente da investigação criminal a cargo da Polícia Civil. Esta última aguarda a chegada de laudos da perícia e ainda não foi encerrada.

Participação

Segundo o relatório, Vladimir teria sido torturado pelo sargento Felipe Adolpho Luiz e pelo soldado Lucas da Silva Peixoto, na ponte do vão móvel do Guaíba, na BR-290. Conforme o documento, o objetivo seria que falasse “acerca da localização de armas e drogas localizadas no Condomínio Princesa Isabel”.

A morte de Vladimir, segundo a apuração da Brigada, foi resultado da tortura. A investigação aponta que o corpo do homem teria sido arremessado no Guaíba de cima da ponte pelo sargento Luiz e pelo soldado Peixoto. Os outros três soldados indiciados não teriam participado da tortura.

No relatório, o soldado Maicon Brollo Schlumpf é apontado por “deixar de intervir nas agressões das quais foi testemunha ocular”.

Já a soldado Dayane da Silva Souza foi indiciada por prevaricação, já que “não estaria visualizando as agressões e, por isso, não teria a real noção da gravidade, mas ouviu os gritos de Vladimir”. Ela teria deixado de intervir na tortura, segundo o inquérito, “por estar com medo e para não criar um ‘mal-estar’ e ser julgada por seus colegas”.

Já o soldado Bruno Pinto Gomes foi indiciado por omissão de socorro. O relatório diz que ele não teria “sequer acionado a Samu para prestar atendimento pelo simples fato de ter, em suas palavras, receio de pensarem ter sido os membros de sua guarnição que causaram as lesões a Vladimir.”

Arquivo Pessoal / Reprodução
Vladimir Abreu de Oliveira tinha 41 anosArquivo Pessoal / Reprodução

Contrapontos

O advogado Maurício Adami Custódio, que representa Felipe Adolpho Luiz e Lucas da Silva Peixoto, diz que “o fato não ocorreu da forma que foi relatada no inquérito” e que, “no momento certo, será revelada outra versão ao delegado.” Leia nota na íntegra:

“Recebemos o encerramento da investigação policial militar de forma abrupta, sem a prontidão na espera dos laudos periciais e extrações de dispositivos eletrônicos um tanto incomum. Tão incomum quanto a morosidade em ofertar vista a defesa técnica daquilo que já fora produzido, tendo a defesa que se socorrer no Supremo Tribunal Federal para examinar e acessar o básico dos direitos. Não somente isso, como a própria competência da justiça militar causa dúvida se legítima em prender os policiais. Existem informações concretas de que a morte de Vladimir estaria ligado a outros fatos e outras pessoas, o que não foi devidamente apurado. E sobre essa outra vertente que esperamos sinceramente que haja uma análise policial investigativa isenta e afastada de qualquer pressão ou clamor social, o que nos parece que hoje está a cargo da Polícia Civil.”

A advogada Carolina Stein, que representa soldado Dayane da Silva Souza, informou “que irá se manifestar nos autos após denúncia do Ministério Público”.

Zero Hora não conseguiu localizar a defesa dos outros dois indiciados até a publicação desta reportagem.

Fonte: GZH

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