Ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro
A investigação da Polícia Federal apurou esquema de desvio de presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente
Outras 11 pessoas foram indiciadas, entre elas, o ex-assessor de Bolsonaro, Mauro Cid. Veja abaixo a lista dos responsabilizados pela PF
Advogado do ex-presidente disse que não ia se manifestar por não ter acesso ao documento
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (4) o ex-presidente Jair Bolsonaro no caso das joias sauditas. O relatório parcial da investigação foi enviado na tarde desta quinta-feira (4) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso. Além dele, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outras 10 pessoas foram responsabilizadas.
Bolsonaro foi indiciado por peculato, que é a apropriação de bens públicos, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Ele sempre negou irregularidades. Ao g1, Paulo Cunha Bueno, advogado do ex-presidente, disse que não iria se manifestar neste momento por não ter tido acesso ao ofício enviado pela PF.
Foram indiciados:
- Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, ex-ministro de Minas e Energia — indiciado por peculato e associação criminosa
- José Roberto Bueno Junior, ex-chefe de gabinete de Bento Costa — indiciado por peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa
- Julio Cesar Vieira Gomes, ex-chefe da Receita Federal — indiciado por peculato, lavagem de dinheiro, crime funcional de advocacia administrativa perante a administração fazendária
- Marcelo da Silva Vieira, capitão de corveta da reserva ex-chefe do setor de documentação histórica da presidência Rio — peculato e associação criminosa
- Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator — peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa
- Frederick Wassef, advogado — lavagem de dinheiro e associação criminosa;
- Fabio Wajngarten, advogado — lavagem de dinheiro e associação criminosa;
- Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque — peculato e associação criminosa
- Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro — lavagem de dinheiro e associação criminosa
- Mauro César Lourena Cid, general pai de Mauro Cid — lavagem de dinheiro e associação criminosa
- Marcelo Costa Câmara, coronel ex-ajudante de ordens de Bolsonaro – lavagem de dinheiro
O indiciamento se dá na esteira da Operação Lucas 12:2, que apontou indícios de que Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens e outros dois assessores do ex-chefe do Executivo “atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente para posteriormente serem vendidos no Exterior”.
Segundo a corporação, os dados analisados no bojo do inquérito indicam a possibilidade de o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência — responsável pela análise e definição do destino (acervo público ou privado) de presentes oferecidos por autoridade estrangeira ao presidente — “ter sido utilizado para desviar, para o acervo privado, presentes de alto valor, mediante determinação” de Bolsonaro.
Conforme regras do Tribunal de Contas da União (TCU), os presentes de governos estrangeiros deviam ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), setor da Presidência da República responsável pela guarda dos presentes, que não poderiam ficar no acervo pessoal de Bolsonaro.
No entanto, segundo as investigações, desvios começaram em meados de 2022 e terminaram no início do ano passado. As vendas eram operacionalizadas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, conforme a PF.
Após análise, Moraes encaminhará o caso à Procuradoria-Geral da República, que vai analisar os resultados e decidirá se há evidências suficientes para denunciar Bolsonaro e os demais ou se novas diligências são necessárias.
A reportagem tenta contato com as defesas dos indiciados.
Fonte: GZH