O cão Thayron, que integrava o Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso (CBMMT), faleceu na manhã desta sexta-feira (22), durante uma missão em Bom Retiro do Sul, no Vale do Taquari. O labrador de cinco anos, que estava na corporação desde os 45 dias de vida, sofreu um atropelamento enquanto auxiliava nas buscas por desaparecidos das enchentes que atingiram o Estado. O subtenente Wanderson dos Santos Tavares, do BMMT, que era tutor do animal, não teve ferimentos.
Tavares relata que após passarem uma manhã de buscas por desaparecidos, ele e o Gordão, como também chamava o cachorro, foram descansar em uma estrada da cidade. Em um certo momento, um caminhão começou a se aproximar dos dois. O militar estava de costas e antes que pudesse reagir, o animal correu e ficou entre ele e o caminhão.
Ele se colocou na minha frente para salvar minha vida. Deu a vida dele pela minha. Ele foi treinado para isso. A gente se prepara a vida toda para isso, sabe que pode acontecer, mas, na verdade, nunca espera que aconteça — conta o subtenente, que ainda diz que o animal foi encaminhado para o veterinário, mas não chegou vivo ao local.
Segundo Tavares, Thayron foi o primeiro e único cão no país a conseguir atingir todas as modalidades de certificação da Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom). O animal passou por todos os treinamentos destinados aos cães da corporação e atuou em grandes desastres nacionais, como o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em Minas Gerais, e os deslizamentos de terras em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
A dupla chegou ao RS no dia 12 de setembro e já havia realizado buscas por vítimas e desaparecidos da enchente em Muçum, Roca Sales, Colinas e Arroio do Meio.
— Agora o que fica é a saudade. Já estou sentindo falta dele — afirma.
Repercussão
Demonstrando admiração e respeito pelos serviços prestados pelo cãozinho, o Corpo de Bombeiros do RS se solidarizou com a colegas mato-grossenses. “O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul lamenta profundamente a sua partida e deixa aqui a sua homenagem a este ser que dedicou a sua vida à nobre missão de salvar”, escreveram.
Eles não são um cão de serviço para nós, é como se fossem nossos filhos. A gente pega eles filhotinhos, a gente cuida, alimenta, dá carinho, ensina. É uma relação de pai e filho, de mãe e filho. Com certeza deve estar sendo muito dolorido para esse subtenente que perdeu seu parceiro, mas é em prol de uma causa nobre, que é buscar e localizar uma pessoa para dar um fim digno, entregar para a família — relata o tenente-coronel Romeu Rodrigues da Cruz Neto, um dos fundadores do serviço de Busca e Resgate com Cães da corporação no Rio Grande do Sul.
O vice-governador do Estado, Gabriel Souza (MDB), também comentou sobre o acidente. “Os cães têm sido importantes aliados na busca pelas pessoas desaparecidas por causa das chuvas na região. Meus sentimentos à corporação que tão bem está coordenando este trabalho”, escreveu no Twitter.
Fonte: RDfoco