As autoridades retiravam, neste sábado (10), os corpos das 62 vítimas do acidente aéreo em Vinhedo, no interior do estado de São Paulo, e realizavam perícias para determinar as possíveis causas da queda.
O avião caiu na sexta-feira (9) sobre uma área residencial da cidade de Vinhedo, cerca de 80 km a noroeste da cidade de São Paulo. Por volta das 15h, 42 vítimas já haviam sido retirada dos destroços de ferro em que foi transformada a fuselagem do avião, que pegou fogo após a queda. Muitos corpos estão ‘carbonizados’ e até o momento apenas ‘dois foram resgatados e identificados: o piloto e o copiloto’, disse a jornalistas o prefeito da cidade, Dario Pacheco.
Cerca de 200 funcionários estão mobilizados. A AFP observou patrulhas policiais, ambulâncias e caminhões de bombeiros que entravam e saíam do Residencial Recanto Florido, um condomínio situado em um bairro tranquilo e arborizado na cidade, onde o avião caiu.
A chuva persistente desde a noite de sexta-feira dificulta os trabalhos. ‘A expectativa é que até o final do dia todos os corpos sejam retirados’, afirmou o diretor do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, Carlos Palhares, no local do acidente. Os moradores do bairro descreveram cenas de terror quando viram o avião despencar em queda livre a poucos metros de distância.
Apesar de ter atingido o quintal de uma casa, nenhum morador ficou ferido.’A sensação foi de terror, foi de pânico, impotência (…) Foi algo realmente muito, muito triste’, disse à AFP a presidente da associação de moradores do condomínio, Roberta Henrique, de 38 anos.Os moradores estão ‘assustados, abalados psicologicamente’, acrescentou, muito emocionada.
Análise das caixas-pretas
A Voepass, companhia aérea que operava o voo, confirmou neste sábado que no avião viajavam 62 passageiros e tripulantes, todos brasileiros.
A aeronave da fabricante franco-italiana ATR viajava de Cascavel, no Paraná, com destino ao aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. Imagens divulgadas na sexta-feira mostraram um avião de grande porte caindo em alta velocidade.
De acordo com o site de rastreamento de voos Flight Radar 24, o avião voou por quase uma hora a 17.000 pés (5.180 metros), até que, às 13h21, começou a perder altitude e em apenas um minuto teve uma queda acentuada para 4.100 pés (1.250 metros).
A Força Aérea Brasileira informou que a aeronave perdeu contato com o radar às 13h22, e que a tripulação em nenhum momento ‘declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas’.O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) abriu uma investigação.
Seus peritos analisam em Brasília as informações das caixas-pretas que contêm gravações da cabine e dados do voo, disse o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa.São ‘importantes informações que entendemos que poderão nos contar o que aconteceu nesse trágico evento’, afirmou Moreno.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou três dias de luto no país.
Formação de gelo?
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil, o avião, que voava desde 2010, cumpria com todas as normas vigentes e a tripulação tinha todos os certificados válidos. O diretor de operações da Voepass, Marcel Moura, disse que na noite anterior ao acidente o avião havia passado por ‘manutenção de rotina’ e não apresentava ‘nenhum tipo de problema técnico’. Especialistas mencionaram a hipótese de que uma formação de gelo nas asas do avião possa ter provocado o acidente.Moura admitiu que este modelo da fabricante ATR ‘voa numa faixa onde tem uma sensibilidade maior ao gelo’ e que as condições meteorológicas de sexta-feira previam a presença desse elemento. Mas ‘dentro das características aceitáveis para o voo’, afirmou.A VoePass foi fundada em 1995 sob o nome Passaredo.
Com uma frota de 15 aviões, atualmente conecta 37 destinos no Brasil e é a quarta companhia aérea do mercado nacional, segundo a empresa.A fabricante ATR disse em comunicado que seus especialistas ‘estão totalmente empenhados em apoiar a investigação em andamento’. Esta é a primeira grande tragédia aérea no Brasil em 17 anos.Em 2007, um Airbus A320 da companhia aérea brasileira TAM não conseguiu pousar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e caiu com 187 pessoas a bordo.
O acidente deixou 199 mortos, incluindo 12 pessoas que trabalhavam na pista. Em 2009, um Airbus A-330 da Air France desapareceu no oceano Atlântico ao entrar em uma zona de turbulência após decolar do Rio de Janeiro com destino a Paris com 228 pessoas a bordo. Não houve sobreviventes.
Fonte: Correio do povo