A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira (2) que indiciou um servidor do governo do Estado por porte ilegal de arma de fogo e de munição. Ocupante de um cargo em comissão (CC) da Casa Civil, que atua no Palácio Piratini, ele também é líder da Geral, torcida organizada do Grêmio, além de conselheiro eleito do clube.
Além do servidor estadual, também foi preso e indiciado outro homem que estava com ele no momento da abordagem da Brigada Militar, em frente a uma casa no bairro Roselândia. Os dois foram identificados e encaminhados para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento do município.
Conforme a polícia, Pedroso portava uma pistola 9 milímetros e 40 cartuchos. No mesmo dia do flagrante — que ocorreu durante uma ação rotineira para conferir suposta ação de uma facção que tem base na região —, o servidor pagou fiança no valor de dois salários mínimos e foi liberado.
O outro detido, que estava com uma pistola .380 municiada, foi solto no dia seguinte após audiência de custódia.
O caso foi encaminhado para o titular da 3ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, delegado Alexandre Quintão. Ele não divulgou os nomes dos indiciados, mas informou apenas que houve o indiciamento e que remeteu o inquérito nesta semana à Justiça.
No inquérito, consta registro no boletim de ocorrências da BM sobre o fato de que o servidor, no momento da abordagem, teria jogado a arma no chão e se abaixado atrás de um veículo estacionado ao perceber a presença de uma viatura da corporação. Além disso, os PMs relataram que a pistola estava carregada e que, nos bolsos do detido, haveria mais munição.
Por fim, a BM informou que o outro homem armado, também preso na ação, estava nas proximidades de onde o assessor foi detido em flagrante. A corporação também não divulgou à reportagem o nome desse segundo investigado.
Conforme o artigo 14 do Código Penal Brasileiro, a pena para porte ilegal de arma de fogo é, em caso de condenação, de dois a quatro anos de prisão, além de multa. O crime é inafiançável, salvo quando a arma estiver registrada no nome do investigado — como no caso do servidor. Segundo informação inicial, o CC da Casa Civil teria registro do equipamento e poderia manter a pistola exclusivamente no interior da sua residência.
Contrapontos
O que diz a defesa de Rodrigo Furtado Pedroso
Karina Monteiro, advogada de Rodrigo Furtado Pedroso, explica que o cliente optou por pedir a exoneração da Casa Civil “até que seja concluída a investigação e comprovada a inocência dele.” A advogada afirma que, embora tenham o mesmo sobrenome, Rodrigo não conhecia Matheus Pedroso, que também foi preso, e que as armas não pertenciam ao seu cliente. Ela informa que, como Matheus não tinha defensor, ela também respondeu por ele na delegacia.
De acordo com a advogada, houve uma pichação no portão da casa da família de Rodrigo com uma sigla alusiva a uma facção que atua na Capital e, na data da prisão, ela foi com o seu cliente até o local para pedir imagens das câmeras de segurança de vizinhos que pudessem ter flagrado o automóvel dos pichadores.
Segundo ela, os vídeos registraram uma Renault Duster com dois homens que teriam feito a pichação. Ela diz que eles vestiam roupas simples, calças jeans, tênis e máscara de proteção preta.
Ela relata que, quando saíam da casa do cliente, a Duster passou duas vezes pelo local e eles ficaram com medo. O carro de Rodrigo estava estacionado em um terreno baldio nas proximidades. Ele pediu que a advogada esperasse no portão enquanto ele buscava o carro.
Segundo ela, havia dois homens suspeitos na rua. Foi nesse momento que a Brigada Militar apareceu. Um dos dois homens que estavam na rua era Matheus, o outro, fugiu, segundo a advogada. Ela conta que os armamentos apreendidos estavam no terreno baldio onde o carro de Rodrigo estava estacionado. Como havia duas pistolas, ela afirma que os policiais acreditaram que Rodrigo e Matheus estavam juntos e, por isso, ambos foram presos. A advogada diz que, em depoimento, Matheus ficou em silêncio.
A advogada ressalta que, após analisar as imagens, ela concluiu que a pichação não está relacionada a nenhuma facção e deve ter sido feita por alguém que tentou atribuir o fato ao crime organizado. Ela diz que as imagens já foram encaminhadas às autoridades.
O que diz o governo do RS
A Casa Civil se manifestou por meio de nota, sem citar o nome do servidor:
“Informada do ocorrido com um servidor da Casa Civil, foi iniciada a identificação do fato e constatado que ocorreu fora do horário de expediente – às 22h15min da sexta-feira (26), conforme registro da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Tão logo tomado conhecimento, encaminhou-se para instauração de procedimento interno visando dar o encaminhamento necessário e imediato“.
O que diz o Grêmio
Em entrevista, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Alexandre Bugin, afirmou:
“Não fomos informados oficialmente sobre o assunto, apenas por imprensa. O Estatuto do CD fala em exclusão do conselheiro em caso de condenação em última instância, quando transitado em julgado. Como a ação não se deu no âmbito do clube, não há relação direta. A comissão de ética pode analisar o caso e avaliar a suspensão durante o processo, mas é tudo recente e nada foi discutido até o momento.”
Fonte: GZH