Os policiais civis encabeçam uma fila de descontentes com os reajustes salariais propostos pelo governo Eduardo Leite. Alguns estão até indignados. Tanto que, em assembleia-geral, a Associação dos Delegados de Polícia (Asdep) decidiu adotar uma série de medidas que caracterizam uma espécie de operação-padrão: só farão o que é necessário e previsto em regras, nenhum esforço a mais.
Entre as decisões está a de suspender entrevistas sobre operações contra o crime e aulas na Academia de Polícia. E podem vir mais ações concretas para manifestar o repúdio, já que nesta segunda-feira (22) os delegados se reúnem novamente. Eles têm apoio de escrivães e inspetores.
Veja algumas das medidas decididas até o momento pelos delegados:
Diárias antecipadas
Nenhum policial civil deverá deslocar-se sem o pagamento antecipado de diárias, quando cabível conforme art. 97 da Lei 10.098 de 1994.
Rigor nas horas-extras
Policial civil não deverá realizar atividades sem a respectiva compensação. Deverá ser observado o sistema de pagamento de horas-extras realmente trabalhadas, sem a possibilidade da divisão de horas-extras que representem o pagamento a menor do que efetivamente foi trabalhado, salvo compensação em folgas;
Compensação de folgas
Em caso de insuficiência no pagamento de horas-extras, a hora extraordinária não paga será compensada com folga, mediante requerimento, cujo modelo será encaminhado pela Asdep.
Silêncio sobre operações policiais
Delegadas e delegados de Polícia não concederão entrevistas e ficarão suspensas as postagens em redes sociais sobre o trabalho policial em geral, especialmente sobre investigações, operações e quaisquer cumprimentos de mandados ou dados estatísticos.
Suspensão de aulas na Academia
Nenhum delegado ministrará aulas na Academia de Polícia (Acadepol), nos cursos de formação e aperfeiçoamento. Nos cursos que estiverem em andamento, os delegados deverão suspender imediatamente a prática da docência.
Defasagem histórica
O presidente da Asdep, Guilherme Wondracek, diz que a categoria acumula 64% de defasagem salarial desde 2014 e deveria ser equiparada a outras carreiras, como a de procurador do Estado.
— Os indicadores da segurança pública do RS nunca foram tão bons. Os números demonstram que mês a mês houve redução no roubo de veículos, latrocínios e homicídios, além de combate a facções e apreensões recordes de drogas. Pergunto: essa é a valorização que o governo entende que nos cabe? — critica.
O governo promete diálogo em relação aos índices, ressaltou na semana passada a secretária de Planejamento, Danielle Calazans.
— Os servidores querem mais, legitimamente, mas a reestruturação é o que mais se impõe neste momento. Eles têm receio de que não haja novas rodadas de negociação, mas estão enganados. Se eu limpo a principal pauta, lógico que teremos condições de permanecer com o diálogo — concluiu ela.
Fonte: GZH