A Polícia Civil prendeu na manhã desta terça-feira (3) o homem que confessou ter matado um instrutor de autoescola em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Rostem Luiz dos Santos Fagundes, 52 anos, foi assassinado na última quinta-feira (29), na Rua Johanes Karl Klemm, no bairro Santo Antônio.
Fagundes dava aula prática de direção quando foi surpreendido por um homem, que chegou em um Astra, e atirou várias vezes após terem discutido.
O homem foi preso por agentes da 2ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz do Sul. O nome dele não foi divulgado, mas a reportagem de Zero Hora apurou que se trata de Emerson Santos, 27 anos.
Santos chegou a ser detido pela Brigada Militar no dia do crime e conduzido para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) da cidade, mas foi liberado após depoimento. Conforme o delegado regional, Luciano Menezes, na ocasião não havia elementos para formalizar a prisão em flagrante.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o crime tenha sido motivado por ciúme, mas não revela detalhes sobre o andamento das investigações.
A defesa do preso confirma que a morte aconteceu após um desentendimento entre a vítima e o autor. Conforme Vinicius Rolim, advogado de Emerson, o cliente relatou em depoimento que desconfiava de um caso extraconjugal entre sua esposa e Rostem (leia nota na íntegra abaixo).
O advogado afirmou que o cliente não teria ido ao local com intenção de matar Fagundes. Contudo, como estava “emocionalmente transtornado”, acabou atirando no instrutor durante discussão.
Rolim disse que Emerson e a esposa teriam sido alunos de Rostem e, por conta disso, haviam criado amizade com ele.
Vítima atuava como instrutora de autoescola havia 15 anos
Rostem deixou a esposa e duas filhas. Procuradas por Zero Hora, preferiram não dar entrevistas, mas encaminharam nota por meio de seu representante legal. No texto, a família descreve a vítima como uma pessoa trabalhadora, carinhosa, respeitosa e de alto astral.
“Sua maneira de ver a vida era especial. Uma pessoa que buscava todos os dias a felicidade da sua família. Quem conviveu com ele verdadeiramente sabe o quanto ele levava a vida com leveza e simplicidade, isso se descrevia pelo seu amor sincero pelos animais”, afirma a nota.
O texto também informa que Rostem era instrutor de autoescola havia 15 anos e que, em paralelo, perseguia o sonho de ser empreendedor. Ele tinha empresa de rastreamento de veículos.
Roberto Weiss Kist, do escritório AKBK Advogados, representante legal da família, afirma, em nota, que “aguardará o acesso completo ao inquérito policial, destacando a confiança plena dos familiares no trabalho conduzido pela Polícia Civil e pelo Ministério Público”.
Ele acrescenta que a família da vítima “reafirma seu compromisso em colaborar integralmente com as autoridades, estando à disposição para fornecer quaisquer esclarecimentos e provas que possam ser necessários”.
Alunos elogiam instrutor
Ex-alunos do instrutor também destacaram seu profissionalismo durante as aulas. Diélica Oliveira relata que Rostem a ajudou a superar o medo da direção:
— Ele foi um ótimo professor, sempre atencioso e paciente. Me ajudou a perder o medo de dirigir e me incentivou a não desistir. Fazia as aulas serem leves.
Mayara Kowalczuk, que também teve aulas com Rostem, lembra do carinho que o professor tinha pela família:
— Ele era muito gente boa, sempre falando da filha, da esposa e dos cachorros dele.
Contraponto
O que diz Vinicius Rolim, advogado de Emerson Santos:
“A defesa do réu afirma que o mesmo se apresentou espontaneamente com seu advogado signatário, não se evadindo da cidade em nenhum momento, apresentando sua versão dos fatos, demostrando ser um caso de violenta emoção envolvendo relacionamento extraconjugal caso este antecipado por forte discussão quase chegando as vias de fato. Acreditamos na defesa sólida dentro dos princípios da ampla defesa e contraditório.”
Fonte: Zero Hora