Quatro agentes lotados na 2ª Delegacia da Polícia Civil de Gravataí são suspeitos das agressões; Corregedoria da instituição vai apurar o caso.
O GZH teve acesso com exclusividade a dois vídeos gravados por câmeras de segurança de um estabelecimento comercial na Rua Abrahão Lincoln, em Cachoeirinha, que mostram policiais civis torturando dois suspeitos de crime.
Pelo relógio que consta nas imagens, por volta de 19h40min de 14 de setembro, quatro policiais civis aparecem chegando ao local, três deles de armas em punho e um com uma ferramenta usada para cortar cadeados. A grade do local estava fechada com dois cadeados. Um deles tentou abrir com a ferramenta pelo lado de fora e não conseguiu. Outro acaba entrando no estabelecimento, que é uma loja de bebidas, por outra parte que não aparece nos vídeos. Sem mandado judicial para ingressar no local, os policiais mandam os dois suspeitos deitarem no chão.
É neste momento em que as agressões começam. Inicialmente, um dos agentes acerta um chute nas costelas de um dos suspeitos. Logo depois, enquanto tenta abrir a grade, agride o mesmo suspeito com dois golpes numa das pernas utilizando a ferramenta. Outro policial que também já está do lado de dentro, fala para o colega que estava agredindo: “desliga as câmeras”.
Usando a mesma ferramenta, ele quebra uma delas que chega a saltar longe. A outra, no entanto, acaba ficando pendurada por um fio e segue gravando áudios, com a lente virada para a parede. Pelos áudios de gritos, os suspeitos seguem sendo agredidos. Os policiais pedem a todo momento que eles indiquem onde teriam escondido as drogas.
“Eu vi um pó branco”, disse o policial, complementando que seguiria com as agressões se ele não disse onde estava.
Os policiais encontraram apenas 3,6 gramas de cocaína com os suspeitos, que alegaram ser para consumo próprio.
Os vídeos foram juntados a um processo que tramita na 2ª Vara Criminal de Cachoeirinha pela dupla agredida. Boletim médico também juntado relata que um dos agredidos apresentou falta de ar, trauma no rosto, trauma na cabeça e dor nas costelas.
O advogado Dailson Pinho dos Santos, que defende os suspeitos, ingressou com habeas corpus no Tribunal de Justiça pedindo explicações da autoridade policial sobre o fato ocorrido.
O delegado regional, Juliano Ferreira, confirma que os quatro que aparecem nos vídeos são lotados na 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí e seguem trabalhando normalmente enquanto o caso é apurado.
O chefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes, disse, após ficar sabendo do acontecido por GZH, que a conduta dos policiais será investigada pela corregedoria da instituição.
O Ministério Público já tomou conhecimento das imagens e vai apurar as circunstâncias dos fatos para, posteriormente, tomar as medidas cabíveis.
Fonte: GZH