No dia 20 de junho do ano de 2000, uma terça-feira, o município de Uruguaiana sofreu sua maior tragédia. Em uma tarde fria de inverno, ocorreu o incêndio na creche Casinha da Emília, ceifando a vida de 12 crianças entre dois e três anos de idade – sete meninas e cinco meninos. A cidade parou e o silêncio invadiu as residências. Era como se somente os gritos de desespero e dor das famílias pudessem ser ouvidos naquela hora.
Os fatos
Por volta das 13h, as crianças estavam tirando um cochilo na sala de aula, foi quando duas estagiárias da turma, por ordem da diretora, saíram para arrecadar doações para a Festa Junina do educandário. Neste momento, elas solicitaram que uma auxiliar de cozinha tomasse conta das crianças, mas isso não ocorreu.
Quando as estagiárias saíram da sala, deixaram as crianças dormindo com o
aquecedor ligado. Foi neste momento que uma peça de roupa caiu sobre a estufa e o incêndio iniciou. O fogo se espalhou rapidamente pelos cobertores e colchões.
Algumas das crianças morreram devido às queimaduras e outras asfixiadas pela
fumaça.
A sala de aula tinha duas portas, uma estava trancada e a outra emperrou,
impossibilitando a entrada imediata no local.
Inquérito
A diretora da escola, uma auxiliar de cozinha e duas estagiárias foram indiciadas em inquérito conduzido pela delegada Raquel Peixoto por homicídio culposo — quando não há intenção de matar. A diretora e a auxiliar foram condenadas pelo crime e cumpriram a pena de serviços comunitários. Das duas estagiárias indiciadas, uma foi absolvida e a outra não chegou a ser denunciada por ter 17 anos na época.
Indenizações
Os familiares das vítimas entraram com ação, pedindo indenização. Atualmente cada pai e mãe recebem uma pensão de R$ 600 mensais. Mas a indenização de 125 salários-mínimos ainda não foi paga para a maioria das famílias. De acordo com o advogado das famílias, Pacífico Saldanha, apenas duas delas receberam, uma por idade e outra por doença.
De acordo com Valdir Venes, secretário municipal da Fazenda, não é a pasta que faz o pagamento dos precatórios. O Executivo transfere um valor mensal ao Poder Judiciário, através de um acordo, e o tribunal distribui dentro dos seus critérios. “Nós não sabemos qual valor é encaminhado mensalmente, apenas os advogados das famílias têm essa informação”, explicou Valdir Venes.
Obras
Em 2021, a Prefeitura de Uruguaiana realizou uma grande obra de reforma e ampliação da escola que continuou a atender as crianças do bairro após o incêndio.
Segundo a secretária de Educação, Mara Sayago, o educandário carrega cicatrizes, mas também reescreve diariamente a sua história cuidando e ensinando crianças. A secretaria destaca que a escola possui Plano de Proteção Contra Incêndio e que atualmente ele passa por atualizações. Também, informou que os profissionais que atuam na Educação passam por treinamento e que as escolas participam de simulações de incêndio coordenadas pelos bombeiros.
Fonte: Jornal Cidade