A mãe da menina Kerollyn Souza Ferreira, de 9 anos, encontrada morta em uma lixeira na cidade de Guaíba, Região Metropolitana de Porto Alegre, na sexta-feira (9), já agrediu a filha com uma escumadeira – espécie de colher de metal –, segundo a Polícia Civil.
Nesse episódio, Kerollyn chegou a ser levada para o hospital por uma lesão na cabeça, supostamente por consequência de um tombo de bicicleta, que, depois a investigação, foi apurado ter sido causada pela mãe, Carla Carolina Abreu Souza, com o objeto.
A mulher está em prisão temporária desde sábado (10). Ela é suspeita de ser responsável pela circunstância que levou à morte da filha (entenda o caso abaixo). A Defensoria Pública do Estado (DPE-RS), que participou da audiência de custódia de Carla, informou ao g1 que irá se manifestar nos autos do processo.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, “a menina sofria múltiplas violências”. Depoimentos e documentos apresentados pela polícia indicam que a mulher submetia a filha a intenso sofrimento físico e mental, segundo o Tribunal de Justiça.
A investigação apontou que a menina seria vítima de negligência e extrema agressividade, conforme análise do juiz João Carlos Leal Júnior, caracterizando as práticas de maus-tratos, abandono de incapaz e tortura.
Sedativo sem prescrição médica
Carla disse à Polícia Civil que deu um sedativo sem prescrição médica à menina horas antes dela ser encontrada morta dentro do contêiner de lixo. De acordo com a investigação, a criança teria ingerido 1 grama de clonazepam, além de ter recebido a medicação risperidona (com prescrição).
A investigada afirmou em depoimento que também teria ingerido clonazepam. A mulher relatou à polícia que ela e a filha foram dormir momentos depois. A suspeita disse que acordou por volta de 7h, viu que a menina não estava em casa, tomou mais medicamento e voltou a dormir.
O corpo de uma criança foi encontrado por um reciclador dentro de um contêiner de lixo em Guaíba, na manhã de sexta-feira (9), de acordo com a Brigada Militar (BM). A vítima foi identificada como Kerollyn Souza Ferreira, de 9 anos.
Não foram encontrados sinais de violência aparentes no corpo da vítima, conforme a perícia. O laudo de necropsia vai atestar a causa da morte.
Uma vizinha e mãe de um colega de escola de Kerollyn, afirmou, em entrevista à RBS TV na terça-feira (13), ter acionado o Conselho Tutelar “mais de 20 vezes” para falar sobre a situação da criança. Segundo a dona de casa Fernanda Cardoso, Kerollyn pedia carinho e comida aos vizinhos.
Ao menos outros três vizinhos denunciaram o caso ao Conselho Tutelar do município. Segundo eles, a mãe gritava e ofendia Kerollyn frequentemente. Uma das mulheres afirma ter ouvido um pedido de socorro, que seria da menina, ao passar pela frente da residência da família.
Os relatos dão conta de que a criança ainda cuidava de irmãos menores.
Em nota enviada na terça-feira (13), o Conselho Tutelar de Guaíba alega que está “acompanhando e colaborando com as autoridades competentes”, mas que não pode fornecer detalhes adicionais sobre o andamento das investigações.
Fonte: G1RS