O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, afirmou na terça-feira (04) que encaminhou à PF (Polícia Federal) um pedido de inquérito contra institutos de pesquisas eleitorais. Segundo Torres, a requisição para que o trabalho dos institutos seja investigado atende a uma representação protocolada no ministério.
O ministro não deu detalhes sobre quem pediu a apuração. Segundo ele, o documento apontou “condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados por alguns institutos”. Os nomes das empresas não foram divulgados.
Ministros que despacham no Palácio do Planalto diretamente envolvidos com a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro, como Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fabio Faria (Comunicações), definiram o trabalho dos institutos como “escândalo” e “vergonha”.
Pesquisas falham
Os resultados do primeiro turno do pleito de 2022 demonstraram, assim como em 2018, a “dificuldade” de as pesquisas eleitorais captarem o voto do eleitor de direita. Em boa parte dos Estados e para os diferentes cargos, somam-se exemplos nos quais os levantamentos não conseguiram prever a vitória ou a liderança de políticos desse campo.
A primeira surpresa foi o próprio desempenho do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que, nos últimos levantamentos dos principais institutos de pesquisa (Datafolha e Ipec), aparecia com 36% ou 37% dos votos válidos e acabou o primeiro turno com mais de 43% da preferência do eleitorado, ultrapassando, portanto, a margem de erro de dois pontos porcentuais.
A diferença entre os números da pesquisa e o resultado do primeiro turno não foi tão ampla no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que registrava 50% a 51% das intenções de voto nas pesquisas mais recentes e acabou com 48% no primeiro turno – dentro ou próximo da margem de erro, portanto.
O cenário de erro na projeção do desempenho de candidatos da direita se repetiu nos maiores colégios eleitorais do País. Na disputa pelo governo de São Paulo, as pesquisas falharam ao apresentar Fernando Haddad (PT) como líder, com 39% a 41% das intenções de voto, e Tarcísio de Freitas (Republicanos) em segundo lugar, com sete a dez pontos porcentuais a menos. Ao final do primeiro turno, o candidato bolsonarista ficou com cerca de 42% dos votos válidos, contra 35% do petista.
Ainda em São Paulo, as pesquisas erraram ao não prever o sucesso do astronauta e ex-ministro de Bolsonaro Marcos Pontes (PL) na disputa pelo Senado. Os levantamentos projetavam vitória de Márcio França (PSB), mas Pontes levou a melhor na disputa, com quase 50% dos votos válidos contra cerca de 36% de França.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, as pesquisas também não refletiram a realidade. Os levantamentos apontavam a liderança de Eduardo Leite (PSDB) para o governo do Estado e de Olívio Dutra (PT) para o Senado. Hamilton Mourão (Republicanos) foi eleito senador pelo RS, e Leite ficou atrás de Onyx Lorenzoni (PL), com quem disputará o segundo turno ao Palácio Piratini.