O tradicionalismo se despediu, nesta quinta-feira (25), de Albino Manique. O músico, natural de São Francisco de Paula, morreu aos 80 anos, completados no mês passado, por volta das 8h30min. Ele estava internado no Hospital São Lucas da PUCRS, em Porto Alegre.
Segundo o irmão do músico, Dinarcy Manique, ele estava internado havia cerca de 20 dias. O acordeonista chegou a receber alta no período, mas teve de voltar ao hospital no dia seguinte. Manique vinha enfrentando diversos problemas de saúde decorrentes de um câncer de pulmão, que acabou se espalhando para outros órgãos.
Ainda não há informações sobre o velório e últimas homenagens a Manique. O músico deixa três filhas.
Trajetória
Manique iniciou a trajetória na música aos sete anos, em São Francisco de Paula. Aos 11, mudou-se para Porto Alegre em busca de seu sonho: consolidar-se no cancioneiro gaúcho. E conseguiu, tornando-se um dos mais reverenciados acordeonistas do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Ainda na década de 1950, conseguiu participar de programas de rádio na Capital, onde começou a projeção para o Estado. Durante a trajetória musical, gravou mais de 40 trabalhos, seja solo, ou com a Dupla Mirim — ao lado de Francisco Castilhos (1942-2003) — que, mais tarde, passou a se chamar Os Mirins. Estima-se que tenha sido autor de mais de 300 canções.
Ao lado de Chico Castilhos, Manique gravou o primeiro disco em 1961, intitulado Barbaridade. Oito anos mais tarde, em 1969, o artista fez a sua estreia solo, com o álbum Alma de Acordeon. Porém, não deixou de lado o trabalho com Os Mirins. Tanto que a nova empreitada fora do grupo foi ocorrer apenas em 1978, quando lançou o disco Baile de Candeeiro, no qual foram gravados os sucessos Madrugada e Baile de Candeeiro, que chegou a ser tema de abertura do Galpão Crioulo, entre 1982, ano da estreia do programa, até 1984.
Muito requisitado no meio por conta de seu grande talento, Manique era também um músico de estúdio. Foi responsável por fazer os arranjos e gravar o acordeom de diversos grupos e cantores do Estado. O artista, por exemplo, esteve envolvido em obras de César Passarinho, Velho Milongueiro, Gaúcho da Fronteira, entre muitos outros.
— Eu sempre saliento isso: esse negócio de fazer nome, não é só tocar, é uma trajetória. É uma série de coisas, batalha, sacrifício, humildade. Isso é importante. Se dar bem com as pessoas, apesar de eu não ser muito simpático — disse Manique, em 2019, em entrevista para a websérie Falando em Gaita.
Em 2014, o artista recebeu o Troféu Guri, prêmio do Grupo RBS que é concedido a personalidades que promoveram o Estado em suas respectivas áreas.
— Eu me sinto lisonjeado pela homenagem. É gratificante ter o reconhecimento de um trabalho que realizamos há 50 anos e, também, pelo esforço que temos para desenvolver a música gaúcha — disse na época.
Fonte: GZH