Cirurgia é considerada de grande porte, por isso conhecer bem o paciente é fundamental, avalia especialista.
O caso da jovem Isadora Belon Albanese, 18 anos, que morreu após complicações provocadas pela retirada de dentes do siso, na cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo, em abril, chamou atenção para os cuidados pré e pós-operatórios necessários e as condições para a cirurgia. O fato foi tema de reportagem do Fantástico, da Rede Globo, no domingo (16). Na ocasião, ela passou pela extração em uma clínica, registrou dores fortes e e teve infecção, que causou a morte.
A chefe do Serviço de Odontologia Hospitalar e Cirurgiã Bucomaxilofacial da Santa Casa de Porto Alegre,Luciana Zaffari, lembra que é necessário olhar detalhadamente várias etapas como a extração, os cuidados pré e pós-operatórios, o que pode ocorrer se o procedimento não for realizado e as vantagens de realizar a cirurgia em ambiente hospitalar.
Luciana ressalta que casos de óbito por extração de siso são raríssimos. O que pode levar o paciente a óbito, como no caso da jovem de São Paulo, que teve uma infecção generalizada, é uma bactéria, mas é difícil saber em que momento ela se instala.
Mesmo assim, quando uma bactéria se instala após uma cirurgia, é possível ter o controle com antibioticoterapia. Então, é muito raro, porque morrer por septicemia derivado de uma cirurgia é pouco provável, ainda mais se tratando de extração de siso— afirma a cirurgiã.
Quando a extração é necessária:
A chefe do Serviço de Odontologia explica que nem todos os sisos necessitam ser removidos, mas que existem situações em que a extração é indicada, como nos casos de tratamento ortodôntico. A causa mais comum é quando as arcadas são pequenas, os dentes têm pouco espaço para acomodação, ficando apinhados ou fora de posição.
Outra situação, bastante comum também, onde a remoção está indicada, é quando a região destes dentes fica “inchada” que é o aumento de volume, seguidos de dor, febre, e mal estar geral, chamamos este quadro de pericoronarite, ou seja, uma infecção causada pelo acúmulo de bactérias, ou cárie no siso — explica.
Luciana ressalta que os dentes do siso estão em uma região da boca de difícil acesso para higiene, agravado muitas vezes pela posição intraóssea e encapsulado da gengiva. Isso aumenta o risco de infecções, que quando recorrentes, podem predispor o surgimento de cistos, que necessitam de tratamentos mais complexos.
Fonte: GZH