Em pronunciamento no plenário do Senado Federal nesta quinta-feira, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice presidente do governo de Jair Bolsonaro (PL), criticou a operação Tempus Veritatis (hora da verdade, em latim) da Polícia Federal para investigar as acusações de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a apreensão do passaporte do ex-presidente Bolsonaro e a prisão preventiva de quatro pessoas, entre elas seu ex-assessor Filipe Martins e o coronel da reserva Marcelo Costa Câmara.
O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, também é alvo da operação e foi preso em flagrante por posse ilegal de arma.
Na avaliação do senador, a operação “está sendo misturada” com outras investigações, como a que apurava fraude no cartão de vacinação do ex-presidente, com o objetivo de suprimir a oposição política no país.
“O que se vislumbra nessa onda de apreensões deflagradas hoje é a intenção de caracterizar as manifestações da população como fruto de uma conspiração golpista, desqualificando toda e qualquer forma de protesto”, disse Mourão. O senador ainda pediu mobilização pacífica da sociedade contra o que considera “arbítrios que o STF vem cometendo”. “Conclamo a todos que, por meio de palestras, entrevistas, artigos, postagens nas redes sociais, possamos mobilizar a sociedade”, afirmou.
Ex-ministro Pontes também teceu críticas à operação
O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), que exerceu o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações de 2019 a 2022, também manifestou preocupação com a operação da PF. O senador chamou a atenção para as prisões pela PF do coronel do Exército Marcelo Câmara e do ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Martins.
“Nós temos visto uma falta de transparência do processo jurídico esperado e normal no nosso país. Quando observamos os processos recentes — e isso não é opinião minha simplesmente, basta observar os fatos —, vemos que essa transparência e esse processo jurídico normal não têm sido respeitados no que deveriam ser”, apontou.
O senador também disse que a atuação da Polícia Federal mudou o foco. Anteriormente, segundo Pontes, a PF se dedicava a combater crimes graves, como busca por traficantes, de chefes de facção, corruptos, malas de milhões de reais ou dólares nas residências de políticos corruptos. Agora, no entanto, a ação da polícia federal está voltada para processos políticos.
Fonte e foto: Correio do povo