O Ministério Público (MP) apresentou denúncia por homicídio culposo contra os dois médicos indiciados pela morte de Valentina Olanda Spesotto, 10 anos. A criança foi vítima de dengue em abril deste ano, em Passo Fundo.
Segundo o MP, teria havido negligência do médico Gaspar Fontoura Mariano da Rocha Filho, que atendeu a menina inicialmente, e também imperícia. Conforme a denúncia, a médica Simone Medeiros Beder Reis, que atendeu a menina em hospital do município, também teria sido negligente.
Agora, o caso aguarda a análise do juiz da 2ª Vara Criminal sobre a continuidade ou não da ação penal.
Valentina morreu no dia 22 de abril, no hospital São Vicente de Paulo. Um exame laboratorial comprovou que ela havia contraído dengue.
Contraponto
Em resposta, a advogada Andrea Caon Reolon Stobb, da médica Simone Medeiros Beder Reis, informou que desconhece o teor da denúncia, mas que a profissional atendeu Valentina e realizou o diagnóstico de dengue, que consiste em uma doença com espectro de sinais e sintomas multivariado. Em seguida, prestou os cuidados recomendados pela comunidade médica. Também reiterou que, até o momento, não há tratamento específico para dengue.
Já a defesa de Gaspar Fontoura Mariano da Rocha Filho afirmou que manifesta surpresa e inconformidade com a denúncia do Ministério Público. Leia na íntegra:
“A defesa técnica do médico acusado, patrocinada pelo criminalista José Paulo Schneider, manifesta surpresa e inconformidade com a denúncia oferecida pelo Ministério Público. A defesa apontou inúmeros equívocos verificados na investigação, que foram ignorados pelo MP, a fim de colaborar com a elucidação dos fatos. Um dos questionamentos da defesa foi a falta de perícia técnica para a emissão das conclusões da Polícia Civil. Nem o relatório da autoridade policial e tampouco a denúncia foram elaborados a partir de dados empíricos e análises médicas. Além do mais, o Ministério Público também negou o pedido da defesa pela requisição de perícias e estudos técnicos oficiais para elucidar as questões médicas do caso. A defesa também lamenta o vazamento de informações sigilosas à imprensa como estratégia de manipulação da realidade. O caso exige cautela e urge por resposta técnicas. A defesa reforça a inocência do seu cliente e salienta os seus 40 anos de reputação profissional sólida e ilibada como médico. E acredita que a lei e a ciência são os pressupostos que devem nortear todos os profissionais que atuam nesse caso.”