Nos próximos dois anos, o governo do Rio Grande do Sul promete investir R$ 40 milhões na região missioneira, para qualificar o setor do turismo e preparar os municípios missioneiros para as celebrações dos 400 anos da chegada dos Jesuítas, que ocorrerão ao longo de 2026. Os recursos vão servir para a requalificação dos atrativos turísticos, a implantação de novos museus e centros de interpretação das reduções, a qualificação do artesanato e das aldeias guaranis, a implantação de projetos educacionais com o tema dos 400 anos e a melhoria de rodovias, trevos e acessos municipais, além de shows e divulgação da região em todo o Brasil, como forma de atrair mais turistas.
São investimentos em diversas áreas, listados a partir de um estudo da AMM (Associação dos Municípios das Missões) com assessoria técnica do pesquisador Álvaro Theisen, que coordena o Grande Projeto Missões, iniciativa que reúne integrantes da sociedade civil e entes públicos, cujo objetivo é resgatar e valorizar o legado jesuítico-guarani.
Em entrevista à Rádio Sepé nesta semana, Theisen contou que a primeira leva de investimentos foi definida através de projetos junto às prefeituras da região. “Logo após a reunião do governador Eduardo Leite com os prefeitos missioneiros, ocorrida em novembro do ano passado, as prefeituras de 14 municípios cadastraram, em apenas seis dias, 24 projetos para captação desses recursos, e poderemos chegar a 26 projetos”, contou o coordenador.
Das iniciativas cadastradas, oito já estão em fase de formalização dos convênios. “Destes, três serão conveniados com o Funmissões, ligado à AMM, o que acelera a tramitação, e outro convênio com a Secretaria de Educação, para reforçar o tema Missões nas salas de aula da rede estadual. Outro projeto é para a disponibilização de realidade aumentada das reduções jesuíticas, em cinco cidades, junto ao Sebrae. Outros 11 projetos ainda precisam de projeto executivo, mas as prefeituras entregarão esta documentação em breve”, projetou Theisen.
Projeção mapeada
Um dos pontos altos da série de investimentos no turismo das Missões será o espetáculo da projeção mapeada, que será exibido na Catedral Angelopolitana de Santo Ângelo. O projeto está na etapa final de formalização de convênio, e pode ser disponibilizado ainda em 2025. “Vai ser um espetáculo diário, em três idiomas, que em 30 minutos vai contar toda a história das Missões em 4K, sendo projetado na fachada da Catedral. É um show ímpar, padrão Disney, um investimento na casa de R$ 5,9 milhões. Para não correr risco, a ideia é que o espetáculo ocorrerá a partir de 2026, mas o que puder ser disponibilizado antes, faremos com certeza”, garante o coordenador.
Outras iniciativas Os investimentos previstos ainda servirão para a formação de uma Orquestra Missioneira, banda profissional que será responsável pela execução de temas missioneiros. Outros R$ 3,6 milhões devem ser destinados a ampliação e modernização de museus temáticos. Com isso, o Museu Histórico das Missões, inaugurado no ano passado, receberá novas atrações, e o Museu Municipal José Olavo Machado também será contemplado. Além disso, serão instalados vários centros de interpretação da história missioneira. Serão locais de menor porte em comparação aos museus, com acervos menores, mas que permitirão contar a história das Missões através de painéis e recursos audiovisuais.
Estes centros serão instalados em São Miguel das Missões, no Santuário do Caaró, que contará toda a história dos santos mártires, além de uma estrutura em Bossoroca que vai explorar a paisagem rural missioneira, onde ainda estão cercas e mangueiras construídas na época das reduções. Na última semana, o vice-prefeito de Santo Ângelo, Carlos Gonçalves, e o vereador Vinicius Makvitz (MDB), se reuniram com o governador em exercício Gabriel Souza, para tratar da possibilidade de mais um projeto específico para Santo Ângelo. “Surgiu a possibilidade do projeto que seria uma cruz missioneira panorâmica. Esse ainda está na fase de definirmos local e um projeto executivo em tempo recorde, para aí podermos cadastrar neste pacote atual”, explica Theisen, que também participou do encontro.
Pelas planilhas de projetos já cadastrados, serão até R$ 100 milhões em recursos para a valorização da memória jesuítico-guarani, vinculando a identidade gaúcha às Missões a partir da ideia de que o Rio Grande do Sul, em si, nasceu justamente do legado missioneiro. “Um dos projetos que a Funmissões ganhou, que diz respeito à parte de sinalização turística, está dividido em três partes: um para a sinalização do caminho das Missões, outro para a trilha dos santos mártires, e o terceiro são as rodovias. Neste último vamos implementar 200 placas em rodovias de todo o Estado. Em 70 delas estará escrito: ‘Missões, onde nasceu o Rio Grande’. Vamos colocar essas na Freeway, na BR-448, para quem está saindo de Porto Alegre, na rodovia do entorno de Gramado, quer dizer, em todo o Estado vamos fixar essa ideia”, conta o coordenador.
