Elevação de diagnósticos não se reflete na quantidade de mortes, mas reforça a necessidade de completar o esquema vacinal contra a doença.
Entre setembro e outubro, o número de casos confirmados de covid-19 mais do que dobrou no Rio Grande do Sul. No mês passado, foram 2.795 diagnósticos da doença, contra 7,2 mil registrados até sexta-feira (27), conforme dados atualizados do painel da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Trata-se de um aumento de 157,6%, que não se reflete na quantidade de mortes, mas reforça a importância da vacinação contra o coronavírus.
De acordo com o painel de monitoramento, foram 22 óbitos decorrentes da covid-19 em setembro. Neste mês, há registro de 23 mortes — mesma quantidade informada em agosto, quando o índice de casos era bem inferior (1.433).
De acordo com uma nota divulgada pela SES na sexta-feira, houve um aumento nas internações (nas últimas semanas) em função da doença. Entre 8 e 14 de outubro, foram registradas 64 hospitalizações por complicações respiratórias em virtude do coronavírus, enquanto entre 20 e 26 de agosto foram apenas 14.
Subvariantes e esquema de vacinação:
Rafaela Rocha, infectologista do Hospital São Lucas da PUCRS — onde foi registrado um aumento de 136% nos casos de covid-19 entre setembro e outubro (de 44 para 104) —, relembra que o coronavírus não segue uma sazonalidade e que há picos de infecções conforme surgem novas variantes e subvariantes:
Acredito que possa ser isso que está ocorrendo, mas não temos a confirmação ainda, porque demora um pouco. O que podemos perceber é que essas novas subvariantes têm uma alta taxa de transmissão, mas o número de internações não está aumentando aqui no São Lucas.
O diretor-adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Marcelo Vallandro, comenta que a covid-19 se tornou uma doença endêmica, em que o vírus está circulante e pode acometer determinadas pessoas, mas não se sabe exatamente de que forma vai ocorrer. Por isso, considera que esse aumento seja multifatorial.
Vallandro ressalta que a busca por testagem se tornou menos comum e que, em alguns momentos, pode haver uma procura maior ou menor por parte da população. Assim, essa variação também pode se refletir no número de diagnósticos.
O baixo índice de vacinação com o imunizante bivalente (menos de 20% da população acima de 18 anos recebeu essa dose no Estado) e a maior circulação de pessoas com o fim do inverno são outros dois pontos citados pelo diretor-adjunto.
— Isso pode ter muitas explicações. O mais importante é entendermos que não se reflete na questão dos óbitos ou na gravidade dos casos. Mas também reforçamos muito a importância da vacina. Dos óbitos que tivemos, vimos que as pessoas não estavam com o esquema vacinal completo ou tinham comorbidades, que seguem sendo fatores de risco para a população — destaca Vallandro.
O mesmo alerta em relação às vacinas é feito por Rafaela. Ela salienta que pessoas com algum grau de imunocompromentimento acabam sendo mais suscetíveis ao vírus.
— Nesses picos, quando o vírus começa a circular um pouquinho mais, ele passa de pessoa para pessoa e tenta encontrar aquelas que são suscetíveis. Por isso que reforçamos: a bivalente é a última geração da vacina contra a covid e é importante que as pessoas façam suas doses para que tenham seus sistemas imunológicos mais protegidos — acrescenta.
Rafaela também indica que, caso apresente sintomas, a pessoa use máscara para sair de casa e busque fazer um teste para confirmar o diagnóstico e, então, tomar os cuidados necessários.
Onde se vacinar com a bivalente:
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o público apto a receber a vacina bivalente inclui quem tem mais de 18 anos, pessoas com comorbidades, com deficiência permanente ou imunocomprometidos acima de 12 anos, gestantes, puérperas e profissionais de saúde, todos com esquema vacinal primário completo, ou seja, que tenham feito pelo menos duas doses anteriormente. Todas as 134 unidades de saúde da Capital aplicam o imunizante
Fonte: GZH