Onze dias após um atirador interromper um comício a tiros em Bagé, na Região da Campanha, a Polícia Federal e a Polícia Civil deflagraram nesta quinta-feira (26) uma operação para desbaratar organização criminosa que vinha interferindo nas eleições municipais. Com apoio da Brigada Militar e da Polícia Penal, foram presas duas pessoas e cumpridos 17 mandados de busca e apreensão.
De acordo com a investigação, uma facção criminosa liderada por um presidiário vinha dando suporte a uma candidata a vereadora na cidade. Após ordenar o ataque a tiros ao comício do PT, no dia 15 de setembro, o bando teria providenciado a fuga do atirador e, mais tarde, assustado com a repercussão do caso, mandado matar o homem.
O suspeito de ser o atirador, Éric Luís Dantas, 24 anos, foi encontrado morto com marcas de tiros na última terça-feira, em Itaara. Natural de Bagé, Éric tinha passagens policiais por tráfico de drogas, associação criminosa e posse irregular de arma de fogo. Ele era alvo de um dos pedidos de prisão no âmbito da operação, mas foi morto antes.
Além de encomendar o ataque ao comício, a fuga do atirador e depois a execução dele, a facção também teria participação na invasão da casa de um candidato a vereador pelo PT. Dois dias antes do comício, dois homens armados e encapuzados entraram na residência de madrugada, agrediram o candidato e seus familiares, levando os celulares e as chaves de carro para impedir comunicação com a polícia.
De acordo com a Polícia Civil, um homem e uma mulher foram presos nesta quinta-feira. O homem, detido em Santa Maria, seria um dos invasores da casa do candidato do PT.
Envolvido com uma facção local, ele teria sido arregimentado para atuar em Bagé. Já a mulher teria ajudado na fuga do atirador, primeiro rumo a Rio Grande e depois a Santa Maria.
Liderada por um presidiário considerado violento e com domínio de várias galerias do Presídio Regional de Bagé, a organização criminosa atuante no município é uma dissidência da facção Os Tauras, com atuação principalmente na Campanha e no sul do Estado. Com passagens anteriores pelo sistema prisional federal, ele cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, onde foi alvo de mandado de busca e apreensão na cela.
Além dos ataques violentos, o grupo estaria dando suporte a uma candidata a vereadora pelo PL, “através do angariamento de votos, da cessão de imóveis para colocação de artigos de campanha, de atividades de segurança, entre outras formas de colaboração”, afirma a PF.
A candidata supostamente apoiado pelo grupo, Manuela Jacques Souza, também foi alvo de mandado de busca e apreensão em sua casa. Em maio, ela havia sido presa durante uma operação da Polícia Federal que investigava um esquema de rachadinha na prefeitura e na Câmara de Vereadores de Bagé. De acordo com a PF, ela seria uma das responsáveis em recolher parte do salários dos servidores municipais.