Pacientes em tratamento contra o câncer no Hospital Santa Casa de Uruguaiana (HSCU) estão reclamando de constantes cancelamentos de consulta e sessões de tratamento por parte da instituição. Eles dizem que a justificativa que lhes foi apresentada é de que falta médico oncologista.
“Faz mais de 30 dias que a minha médica está de atestado. Outra profissional estava nos atendendo, mas o setor afirmou que a demanda é muito grande e cancelou, sem previsão de retorno”, conta uma moradora de Uruguaiana, atualmente em tratamento contra um câncer de mama, que pediu para não ter o nome divulgado. Conforme ela, as interrupções têm gerado preocupações entre os pacientes, que “enfrentam incertezas sobre a continuidade dos tratamentos”.
Uma paciente de 33 anos relatou que não tem acesso aos medicamentos, nem a realização de exames. “Nós temos direito de realizar o nosso tratamento. Eu tenho inúmeros exames importantes para mostrar para a médica, mas não consigo. Essa situação é muito triste, parece que estamos no corredor da morte”, desabafa após compartilhar com a redação capturas de telas das conversas com profissionais do serviço de oncologia.
Nas trocas de mensagens, ela é informada sobre cancelamento de consultas e, inclusive, que médicos estão pedindo demissão por conta de “condições insalubres de trabalho”. Outro profissional lhe respondeu: “Está um caos o setor, pedi o meu desligamento pois não temos nem os materiais necessários… não sei nem o que dizer para as pacientes mais”.
“Inúmeros pacientes, inclusive de outras cidades, estão passando por isso. É desumano conosco. Sabemos que o município recebe verbas específicas para o setor – onde está esse dinheiro? Nós vivemos com medo. O câncer é uma doença que não brinca”, finaliza.
Referência regional em oncologia, o Hospital Santa Casa de Uruguaiana atende, além da comunidade de Uruguaiana, pacientes de outros municípios que integram a 10ª Coordenadoria Regional de Saúde (Alegrete, Barra do Quaraí, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, Santana do Livramento e São Gabriel). São, em média, mil pacientes por mês entre os serviços de quimioterapia e radioterapia.
Procurada, a administração do Hospital Santa Casa não respondeu aos questionamentos e disse que se manifestaria através de nota que, até o fechamento desta edição, não foi enviada à Redação.
Fonte: Jornal Cidade