Integrante do grupo de 14 bombeiros gaúchos que está atuando no combate aos incêndios no Mato Grosso do Sul, o major Silvano Rodrigues afirma que mais reforços devem ser enviados nos próximos dias ao Centro-Oeste. Em entrevista ao programa Gaúcha+ desta quinta-feira (12), ele diz que as temperaturas estão facilmente passando dos 40ºC na região, com umidade relativa do ar abaixo dos 10%.
— Aqui temos um fator “30, 30, 30”, ou seja, 30 dias sem chuva, temperatura acima de 30ºC e umidade abaixo de 30%, tudo isso em abundância, que são fatores de propagação de incêndio florestal — explica o oficial, que é o presidente da Câmara Técnica de Combate a Incêndios Florestais.
Ele afirma que o local, próximo a Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, tangencia os biomas Pantanal e Cerrado. Com vegetação rasteira, o fogo se propaga rapidamente e inclusive atinge árvores maiores, em regiões de vegetação mais densa.
— Aqui ainda tem o problema do fogo subterrâneo. O fogo em turfa. Como o solo é rico em raízes, rico em matéria-prima, que acaba queimando também. É um fogo de menor proporção, em virtude de não ser um ambiente oxigenado. É algo que complica também, porque transita para parte de superfície — completa.
As condições climáticas tornam o trabalho dos bombeiros ainda mais exaustivo e complicado tecnicamente. É preciso um preparo físico e um bom reconhecimento do local:
— A gente tem que ter todo o mapa topográfico, a questão de ventos e entender o que o fogo quer fazer e o que ele pode fazer. Então, como a densidade demográfica do Centro-Oeste é bem mais baixa que no sul do país, não tem as cidades próximas, a gente pode fazer um planejamento de ataque indireto do fogo.
O melhor momento do dia para combater as chamas é durante a noite, quando há um maior índice de umidade, conforme o bombeiro. Por causa disso, os profissionais conseguem chegar a lugares de acesso mais complicado. Também é feito um monitoramento para que o fogo não se alastre para outras áreas — o que Rodrigues descreve como um “jogo de xadrez”.
Apesar das dificuldades, o major ressalta o trabalho dos profissionais no local e lembra da ajuda recebida de outros estados pelo Rio Grande do Sul no período da enchente:
— Toda ajuda que os corpos de bombeiros de todo o Brasil deram pra nós, é preciso a gente retribuir. O povo está tão ávido quanto o nosso povo (durante a enchente) pela presença do bombeiro. A gente chega e o pessoal vem nos atacar na rua. “Está queimando aqui no meu lado”, dizem. É a comunidade pedindo ajuda e é um pouco gratificante poder fazer alguma coisa. As nossas equipes têm feito bastante diferença.
Fonte: GZH