Em 2022, cresceu a produção de trigo, soja e arroz no Rio Grande do Sul, com projeção de ampliação para 2023. Os produtores de leite, entretanto, tiveram um ano difícil, e o número de cabeças de gado abatidas também reduziu. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (8) pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
O litro do leite pago ao produtor subiu 19%, mas os custos de produção também aumentaram, 10,2%. A produtora de leite Daniela Pilecco, de Santa Rosa, na Região Noroeste do estado, até conseguiu aumentar a produção com mais animais, mas também teve aumento nas despesas.
“Por mais que a gente teve picos de mais de R$ 3 o litro do leite, o custo de produção também aumentou bastante, não só pela questão do investimento, mas pela questão de medicamento, de ração própria, de adubos, fertilizantes que a gente utiliza na lavoura, tudo aumentou muito o custo”, diz.
Conforme o técnico em agropecuária Diomar Tolazzi, foi observada a diminuição de produtores na atividade. O estado deve fechar o ano com redução de 7% na produção de leite. A diminuição chega a 251 mil litros.
Pecuária
O pecuarista Roberto Fagundes Ghigino, de Uruguaiana, afirma que em setembro, a quantidade de cabeças de gado abatidas foi praticamente a mesma de 2021, com queda de 3%. Apesar disso, o faturamento de 2022 será 18% maior em razão do aumento no preço.
A previsão é de que o estado feche o ano com recorde de R$ 10 bilhões em negócios na pecuária de corte. Conforme o economista-chefe da Farsul, Antônio Luz, os custos aumentaram seus patamares e, consequentemente, os preços também.
“Só que o produtor não vive de faturamento, ele vive de resultado, ele vive de renda. Então, quando nós vemos uma renda cair, naturalmente nós vemos a atividade, a produção também cair. É isso que aconteceu em 22, a produção caiu”, afirma.
Ele cita também a inflação, que foi percebida pelo consumidor, inclusive nos alimentos. “Só que de trás a ser inflação dos alimentos, tem uma inflação de custos que também foi muito forte na pecuária de corte. Então essa inflação toda trouxe novos patamares de preços, seja para o consumidor, seja para o produtor”, diz.
Os maiores custos na pecuária trazem preocupação ao setor. A expectativa é que haja uma pequena queda na produção de carne esse ano devido à elevação dos custos de produção.
Grãos
A área plantada de grãos cresceu 6% no estado em 2022, com mais 589 hectares em relação à safra anterior. O maior aumento foi na produção de soja, com mais 280 mil hectares, enquanto a área plantada de arroz foi de mais 12 mil hectares este ano.
Para a safra de 2022/2023, a Farsul projeta expansão de 4,5% da área plantada com grãos no estado. O maior crescimento deve ocorrer na soja. Caso seja confirmado, 2023 deverá ter a menor área plantada de arroz desde a safra de 1997/1998, segundo a Farsul.
O plantio das culturas de inverno foi ampliado esse ano, com destaque para o trigo, que aumentou a produção em 292,6 mil hectares. Segundo a Farsul, as culturas de inverno devem crescer 16 % ainda mais em 2023, crescimento de 293 mil hectares.
“O maior crescimento e tanto de área quanto expectativa de produção para 23, é a safra de inverno. Ou seja, nós estamos vendo os produtores caminharem para uma produção maior na sua mesma área”, afirma Antônio da Luz.
Fonte: G1RS