Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, suspeitos de cobrarem propina de prefeitos para a liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), têm proximidade com o político gaúcho Marcelo Brum (Republicanos).
Comunicador de Santiago, Brum é primeiro suplente de deputado federal e exerceu o cargo entre 2019 e a última quarta-feira (30) devido à licença do ministro Onyx Lorenzoni (PL), que deixou nesta quinta-feira (31) a titularidade da pasta do Trabalho e Previdência. Onyx retomou o mandato na Câmara para concorrer ao governo do Rio Grande do Sul e, com isso, Brum deixou o exercício do cargo.
Vídeos, fotografias e registros em redes sociais mostram que Brum prometeu recursos, intermediou encontros com autoridades e frequentou cultos religiosos e eventos privados junto dos suspeitos. Em um culto gravado em 2019, ele chegou a prometer publicamente o repasse de R$ 200 mil em emendas para a construção de um centro do idoso para o pastor Gilmar.
Brum se manifestou após uma mulher, ao lado do religioso da Assembleia de Deus, ter mencionado ao microfone a possibilidade de parlamentares indicarem emendas para a obra social. Diante da provocação, Brum, à época da bancada do PSL, tomou o microfone e afirmou:
— Então faz o seguinte: como eu sou muito ousado e a minha assessora está lá, o meu chefe de gabinete, estão lá no fundo. Viu, Natalie? Tu bota aí R$ 200 mil aqui para o lar do idoso do pastor Gilmar, tá?
O líder religioso pegou o microfone, olhou nos olhos de Brum, estendeu a mão em cumprimento e disse:
— Vamos juntos. Vamos juntos. Amém, meu amado.
O vídeo foi revelado pelo jornal digital Metrópoles.
É de praxe que os deputados federais suplentes não façam a indicação das emendas parlamentares formais ao orçamento. Costumeiramente, os titulares dos cargos assumem temporariamente os mandatos, fazem as indicações das emendas em um curso de horas e, depois, voltam a se licenciar.
Nos quatro anos em que exerceu o mandato de deputado federal (2019 a 2022), Brum indicou emendas parlamentares somente em 2020, conforme o sistema da Câmara dos Deputados. Foram 15 diferentes indicações, a maioria delas para a área da saúde, somando R$ 15,170 milhões. Uma das destinações visava R$ 1,5 milhão em recursos do FNDE, mas ela foi a única a não ser paga. Nenhuma emenda parlamentar de Brum tratava da promessa feita ao pastor Gilmar no ano anterior.
Brum comentou a intermediação de agendas para os religiosos no mesmo culto em que prometeu os R$ 200 mil. Na ocasião, afirmou:
— E na terça-feira, ele (Arilton) teve pela manhã no gabinete e, à tarde, eu tinha uma agenda com a ministra Damares Alves, nossa ministra da Família (Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos). E também eu tinha uma agenda com o ministro Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil (Onyx ocupava esse cargo em 2019), e nós convidamos o pastor Arilton para também estar lá na Casa Civil com o ministro”.
Em outras imagens, Brum aparece ao lado do pastor Gilmar em gabinetes, em cultos e na festa de aniversário do religioso, em Goiás.
Fonte: GZH