Um grupo investigado por movimentar R$ 66 milhões foi alvo da Operação Arsenal, deflagrada nesta sexta-feira em 12 cidades gaúchas. De acordo com a Polícia Civil, o montante seria fruto de lavagem de dinheiro oriundo da venda de drogas. Um clube de tiro em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, é apontado como pilar do esquema. Cerca de 70 armas foram apreendidas e cinco pessoas foram presas em flagrante, por tráfico e porte ilegal de arma de fogo.
A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo comandou a ofensiva. Houve o cumprimento de 63 mandados de busca e apreensão em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Porto Alegre, Portão, Canoas, Capela de Santana, Montenegro, São Sebastião do Caí, Esteio, Sapucaia do Sul, Sapiranga, Gravataí e na cidade de São Paulo. As diligências ainda incluíram o sequestro de 20 veículos e cinco imóveis.
Os investigadores afirmam que laranjas ligados a uma facção atuante no Vale do Sinos eram responsáveis por gerir um clube de tiro na rua Raimundo Corrêa, no bairro Operário, próximo à Praça Jardim Vila Rosa, em Novo Hamburgo A suspeita é que o estabelecimento era utilizado para ocultar, pulverizar e aquecer valores do tráfico.
Conforme a PC, os responsáveis pelo empreendimento adquiriam a maioria das armas de forma legal. Ocorre que o dinheiro era fruto da venda de drogas. Os agentes afirmam ter comprovado que pelo menos um dos suspeitos comprava armamento com lucro do tráfico de maconha de alto potencial entorpecente. Também há indícios que parte do arsenal era disponibilizado para uso da facção, o que ainda está sendo investigado.
Houve apreensão de todo o espólio da unidade. Ali, foram recolhidas munições de diferentes calibres e aproximadamente 70 armas, incluindo fuzis, revólveres, espingardas, carabinas, pistolas, entre outros. A maior parte dos itens estava em situação regular, mas cerca de 20 não tinham registro oficial.
O armamento sem procedência será foco apuração. Entretanto, apesar de não ser possível afirmar com certeza, os policiais não descartam que o Paraguai seja o país de origem. Isso porque os investigados teriam vínculos com uma facção que tem base no Vale do Sinos, mas costuma adquirir armas ilegalmente na nação vizinha.
Um exemplo disso ocorreu no final de março, quando foram apreendidos dois fuzis, uma carabina, uma espingarda e mais duas pistolas de uso restrito. Os itens estavam em um fundo falso no interior de um ônibus turístico, que foi abordado a 22 quilômetros de Foz do Iguaçu, próximo da fronteira. Na ocasião, a Polícia Civil constatou que o ônibus havia partido de São Leopoldo, com o objetivo de buscar as armas para traficantes da região.
O clube de tiro que é foco da investigação foi inaugurado em abril de 2020. A proposta seria oferecer treinamento tático, interação, cursos e instrução para o uso de armas, pratica de tiro para defesa e tiro desportivo. O local conta com duas pistas de tiro indoor, uma pista 360º, 5 boxes para prática de tiro ao alvo, loja e restaurante temático.
A empresa soma comentários negativos e notas baixas em páginas de avaliação na internet. Há Clientes que afirmam ter comprado armas que nunca foram entregues. Outros, dizem ter adquirido peças que acabaram sendo vendidas a terceiros.
Fonte: Correio do Povo