A vereadora de Porto Alegre Maria de Lourdes dos Santos Sprenger (MDB) se tornou ré na Justiça do Rio Grande do Sul pelos crimes de injúria racial e prática discriminatória. A denúncia do Ministério Público (MP) contra ela foi aceita pela Justiça em 15 de abril.
De acordo com a acusação do MP, em 2023, a parlamentar teria proferido ofensas racistas e de intolerância religiosa contra um servidor público negro da Câmara de Vereadores e feito falas discriminatórias contra três estagiárias com deficiência.
Conforme a investigação da Polícia Civil, o conflito teria começado porque a vereadora entendia que as estagiárias, lotadas na Escola do Legislativo, seriam inaptas para as funções que foram contratadas e que o servidor público, que ocupava função gratificada de chefia delas, ainda assim, queria mantê-las nas posições.
Provas reunidas pela polícia dão conta de que Lourdes Sprenger teria se referido ao servidor público, que tinha função gratificada na escola desde 2017 e acabou sendo exonerado da função em outubro de 2023 por determinação da vereadora em função do episódio, como “aquele professor preto, sujo e burro”. Além disso, teria feito referência ao fato dele ser praticante ou admirador de religião de matriz africana.
Já o MP disse que, durante reuniões com assessores, a vereadora “praticou, induziu e incitou discriminação” contra as estagiárias ao chamá-las de “debilóides” e dizer que não teriam “condições de exercer as funções para as quais foram contratadas”.
O que diz a vereadora
Por telefone, ao g1, a vereadora disse que a acusação “não é verdade, não há provas, é um disse-me-disse”.
“Não há verdades nestas denúncias, são palavras de pessoas que eu exonerei. Porque tenho uma forma de administrar. Essas pessoas ficaram magoadas. Uma delas perdeu o FG (função gratificada). Coloquei uma forma de administrar, não houve aceitação e eu não vou entrar em conflito. Estou segura que esta acusação não procede. Entrarei e contato com o advogado que tem me acompanhado nesse caso e vou fazer minha defesa. Não há nenhum problema”, disse Lourdes Sprenger.
Já a Câmara de Vereadores disse que aguarda o desfecho do processo na Justiça para avaliar a situação e, então, adotar alguma medida, se for o caso. O vereador Mauro Pinheiro (PP), atual presidente da Casa, disse que, até terça-feira (23), não havia sido protocolada nenhuma denúncia junto ao Legislativo Municipal.
As situações teriam sido repetido em outras ocasiões ao longo de 2023.
Quem é a vereadora
Eleita com a bandeira da causa animal, Lourdes Sprenger (MDB) é vereadora no exercício do terceiro mandato em Porto Alegre. Natural de Gravataí, é contadora e fez carreira profissional como auditora em estatal.
Fonte: G1 RS