Vereadores não reeleitos em 6 de outubro no Rio Grande do Sul participam, em Porto Alegre, de um simpósio voltado ao treinamento de gestão pública a custo de até R$ 2,5 mil por viagem, em diárias.
Um dos nomes é João Luiz Paveglio (MDB). Ele não conseguiu ser eleito prefeito em São Nicolau, no interior do estado, e também não terá assento na Câmara Municipal a partir de janeiro de 2025. Apesar disso, Paveglio teria recebido R$ 1,8 mil em diárias para participar de cursos para receber “orientações para correções de erros e preparativos para o encerramento do ano”.
Outro caso é o do vereador Professor Orly (PT), de Guarani das Missões. Presidente da Câmara local, ele teve direito a R$ 2,5 mil em diárias para participar do mesmo treinamento que Paveglio.
Também, em Arroio Grande, os vereadores Alexandre Cardoso da Silva e José Guilherme Muller, ambos do PP, não foram reeleitos. Eles teriam recebido quase R$ 2 mil em diárias cada um para participar de um curso de outra empresa em Porto Alegre, que cobrava uma taxa de inscrição de R$ 1.090. A Câmara de Arroio Grande teria sido a responsável por arcar com os custos.
Quando abordados pela reportagem, ambos negaram que seriam vereadores.
Já em São José das Missões, Eliane Jadischke Tasso (PL), também esteve na Capital para um curso, recebendo R$ 1,5 mil em diárias e mil reais para transporte. Eliane teria apresentado um atestado médico para justificar sua ausência no trabalho de 15 a 18 de outubro, período em que participou do evento.
Segundo o site da Câmara de São José das Missões, Eliane atua legalmente em dupla função, já que é agente de saúde na prefeitura e a legislação permite que servidores ocupem cargos públicos quando não há conflito de horários.
“Eu estava tomando a medicação, fui fazer o curso”, explicou Eliane. “Aprendi várias coisas, mas isso fica entre eu e os nossos colegas”, respondeu quando questionada sobre o que teria aprendido no curso.
Embora os seminários sejam legais, o Ministério Público (MP) investiga a ação das Câmaras Municipais arcarem com os gastos de formação para vereadores que não foram reeleitos.
“Nós podemos ter uma situação de desvio de recurso público, porque o recurso público tem que ser aplicado numa finalidade de interesse público. Se não há continuidade da atividade pública pelo vereador, qual o interesse em aprimorar a sua formação?”, afirmou o promotor de justiça Thiago Menezes Conceição.
Fonte: G1RS