Promete ser marcado por pompa e circunstância o ato de anúncio, do presidente Lula, da proposta de ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil mensais. Em gesto politicamente estratégico e simbólico, o petista convidou para o ato, que deve ser realizado nesta terça-feira, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil). Os dois conhecerão a proposta em detalhes antes do anúncio.
A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda não é apenas uma promessa de campanha, mas uma bandeira antiga de Lula e do PT. A medida chegou a ser anunciada no final de 2024, junto com o pacote de cortes de gastos, decisão equivocada que acabou emitindo sinais antagônicos.
O maior desafio de Lula e dos articuladores do Planalto não será conquistar o apoio necessário no Congresso à iniciativa, mas aprovar a forma como a ampliação de isenção será financiada. O impacto, segundo a estimativa mais recente do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é de R$ 27 bilhões anuais. Inicialmente a estimativa havia sido calculada em R$ 35 bilhões por ano.
Para viabilizar a ampliação da faixa de isenção, a ideia é taxar, em pelo menos 10%, quem recebe mais de R$ 50 mil mensais ou R$ 600 mil anuais. A ação, que também figura entre os desejos antigos do PT e de Lula, deve enfrentar articulações contrárias, lobbies, resistências e acabar sendo modificada no Congresso Nacional.
Já teve início, entre parlamentares, movimentos visando a taxação apenas para os que ganham acima de R$ 60 mil mensais. Neste caso, a contrapartida necessária, calculada pelo governo federal, será prejudicada.
O anúncio da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda ocorre na esteira do lançamento do novo crédito consignado privado, realizado na última semana, em meio à crise na popularidade pessoal de Lula e na avaliação positiva de seu governo.
Fonte: Correio do Povo
