Crônica: O dia em que Paixão Cortês, Dorotéo Fagundes e eu invadimos a Feira do Livro de Porto Alegre

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Guilherme
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Foto: Reprodução

Por: Isaac Carmo Cardozo – Colunista

O Festival da Barranca, em São Borja, além de reunir muitos artistas comprometidos com a produção de canções, poemas e o com a cultura, proporciona momentos preciosos para troca de conhecimentos, reencontros e novas amizades, tudo isso em um ambiente onde nossa cultura pulsa forte.

Nesta Barranca, que chega à sua 52ª edição, participei de muitas conversas tendo como testemunha uma de nossas maiores inspirações: o Rio Uruguai. Tive o privilégio de conversar com Doroteo Fagundes — compositor, músico, poeta, escritor, cineasta, jornalista, apresentador de rádio e TV — e relembrar um acontecimento marcante ocorrido em 2004, em Porto Alegre, quando residia por lá.

Grande parte da minha trajetória na Brigada Militar foi no 4º Regimento de Polícia Montada, Regimento Bento Gonçalves, onde desempenhei, além do policiamento, a função de clarim — algo que levo com muito orgulho. Em 2004, Doroteo Fagundes solicitou a presença de centauros da Brigada Militar para o lançamento da Agenda Gaúcha de 2005, durante a Feira do Livro de Porto Alegre — a maior do estado e uma das mais importantes do país. O evento contou com a presença do grande folclorista, compositor, cantor, radialista e pesquisador gaúcho Paixão Côrtes, um dos fundadores do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).

A Brigada Militar tem essa vocação de aproximar o policial da comunidade por meio de eventos culturais. E me coube a missão. Reunimo-nos no Gasômetro (um dos principais pontos turísticos da orla do Guaíba): eu, mais dois soldados, uma antiga carroça com condutor, Doroteo e Paixão Côrtes. Formamos a comitiva e partimos rumo à Praça da Alfândega, local onde acontece a Feira do Livro.

Eu seguia à frente do cortejo, entoando canções com o clarim, anunciando nossa chegada. À medida que avançávamos, mais pessoas se juntavam — entre simpatizantes e curiosos. Entramos na rua das bancas sob aplausos de uns, olhares curiosos de outros, e até espantos e… indignações. Indignações?

Sim. Nossos transportes eram de tração animal. E animais, como se sabe, deixam seus dejetos pelo caminho. Resultado: livros, escritores, leitores, brigadianos, cavalos, carroças e cheiro de bosta no ar. Mas Doroteo vibrava, enquanto Paixão Côrtes apenas acenava, sentado na carroça. E eu seguia tocando meu clarim.

Foi quando uma pessoa gritou:
— “Isto aqui não é a Feira do Livro? Por que tem cavalo e carroça aqui?”
Doroteo respondeu de pronto, num retruco certeiro:
— “Isto aqui é a Feira do Livro do Rio Grande do Sul. Aqui somos gaúchos — e andamos a cavalo até para lançar livro!”

Rimos muito ao relembrar essa história. Um episódio que eu já havia esquecido, mas que Doroteo fez questão de trazer à memória — e que teve também a participação daquele que deixou um legado imenso para a cultura do nosso povo: Paixão Côrtes.

Isaac Carmo Cardozo é 1°Sargento da Brigada Militar, Bacharel em Direito pela Unilassale/Canoas, Especialista em Gestão Pública pela UFSM/Santa Maria e Mestre em Políticas Públicas pela Unipampa/São Borja. Escreveu o livro: Monitoramento de Políticas Públicas de Segurança – O Programa de Resistência às drogas e a violência (Proerd) no Município de São Borja. Tradicionalista, é Coordenador da Invernada Especial do Centro Nativista Boitatá. Historiador e pesquisador e apaixonado pela cultura do Rio Grande do Sul.

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