Parlamentares vinculados ao ex-presidente Jair Bolsonaro querem suspender o recesso do Congresso e fazer avançar medidas contra o que chamam de “politização do Judiciário”. Poucas horas após o Supremo Tribunal Federal (STF) impor restrições, como uso de tornozeleira eletrônica, ao ex-presidente Jair Bolsonaro, membros das bancadas do PL e do Novo fizeram uma reunião de emergência nesta sexta-feira (18), em Brasília.
Eles decidiram encaminhar ofício ao presidente da Câmara, Hugo Motta, solicitando a retomada imediata das atividades legislativas. O objetivo é fazer uma convocação da Mesa Diretora e discutir ações contra o que chamam de “desequilíbrio entre os Poderes”.
Em nota oficial, os participantes da reunião denunciam um suposto avanço “das decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal, que desrespeitam princípios constitucionais como o devido processo legal, a presunção de inocência e a liberdade de expressão”.
Uma nova reunião foi marcada para segunda-feira, quando o grupo pretende conceder uma entrevista coletiva. Nos bastidores, os parlamentares se articulam para pressionar a cúpula do Senado e da Câmara a colocar em votação a anistia aos envolvidos nos ataques do 8 de Janeiro e a anulação dos processos por tentativa de golpe de Estado que tramitam no STF.
A reação bolsonarista planeja ainda promover novos atos públicos, reunindo apoiadores em manifestações de rua contra o STF e o ministro Alexandre de Moraes, autor das medidas cautelares contra o ex-presidente. A partir da demonstração de apoio popular, os deputados e senadores querem instalar a CPI do Abuso de Autoridade na Câmara e o impeachment de ministros do STF no Senado.
— É importante que as pessoas voltem às ruas, eu já tenho defendido isso desde o início do governo Lula. Várias manifestações já foram feitas, mas tem que ser feitas de novo. E pressão no Congresso Nacional para votar a anistia e o impeachment do ministro Supremo no Senado — defende o deputado federal Marcel van Hattem (Novo).
A operação deflagrada pela Polícia Federal (PF), com busca e apreensão na casa de Bolsonaro e instalação de tornozeleira eletrônica no ex-presidente se deu em meio a uma Brasília esvaziada. Além de ter ocorrido numa sexta-feira, dia em que tradicionalmente os congressistas voltam para suas bases nos Estados, é o primeiro dia do recesso de julho. Muitos parlamentares estão em viagens ao Exterior e apenas comissões representativas funcionam na Câmara e no Senado.
Os aliados de Bolsonaro nas duas Casas querem uma convocação imediata da comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e da de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, ambas presididas por parlamentares do PL. Os grupos só podem se reunir caso o recesso seja interrompido. A previsão regimental é de que o Congresso só retome as atividades normais a partir de 1º de agosto.
Diante da escassez de alternativas legislativas até a virada do mês, os parlamentares passaram a publicar palavras de ordem nas redes sociais. As frases prestam solidariedade a Bolsonaro, comparam o Brasil com a Venezuela, pedem o fim do recesso e dizem que “o Brasil vai parar”.
Fonte: GZH