O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o final de seu discurso na 80ª Assembleia Geral da ONU, mencionou o encontro breve com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que abriu a conferência.
— Eu estava entrando (no plenário da ONU), e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem.
A fala de Trump ocorre após a do presidente brasileiro, que criticou indiretamente as tarifas e sanções impostas por Washington.
Trump começou o tema ao afirmar que “os Estados Unidos utilizam as tarifas como mecanismo de defesa”. E após, citou o exemplo do Brasil, sem mencionar diretamente o nome de Jair Bolsonaro e o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
— O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos.
Em seguida, Trump disse que falou com Lula por 20 segundos e que os dois ficaram de conversar por mais tempo na próxima semana:
— Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 39 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal — disse, provocando risadas no plenário da ONU.
Lula, que acompanhava o discurso de Trump no plenário, mostrou-se surpreso com as declarações. O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente após o “quebra-gelo” de Trump.
A crise nas relações Brasil-EUA ponto a ponto
- Tarifas elevadas: os EUA aumentaram de 10% para 50% as tarifas de importação sobre produtos brasileiros, medida que entrou em vigor em 6 de agosto de 2025.
- Motivação política: a decisão foi acompanhada de críticas de Trump ao STF e apoio a Jair Bolsonaro – condenado por tentativa de golpe em 11 de setembro –, incluindo sanções a Alexandre de Moraes via Lei Magnitsky.
- Impacto econômico: estimativa de R$ 1,92 bilhão de prejuízo ao PIB do Rio Grande do Sul. Cerca de 20 mil empregos ameaçados no Estado. Aproximadamente 85% das exportações gaúchas aos EUA foram afetadas.
- Exceções: lista com 694 itens não foi tarifada; produtos como aço têm tarifas específicas.
- Resposta do Brasil: governo Lula anunciou plano de contingência com medidas emergenciais, como linhas de crédito e suspensão de tributos. Lula afirma que o governo protegerá trabalhadores e empresas brasileiras.
- Tensão diplomática: relação bilateral vive um dos momentos mais críticos em mais de 200 anos. EUA condenaram a prisão domiciliar de Bolsonaro e ameaçaram responsabilizar quem colaborar com decisões do STF.
- Outros pontos de atrito: regulação das big techs no Brasil. Participação do Brasil no Brics e proposta de usar moeda alternativa ao dólar. Divergências ideológicas entre Lula e Trump intensificam o afastamento.
Fonte: GZH