Por Lenita Gonçalves – Fonoaudióloga
O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento humano, “refere-se a uma alteração no neurodesenvolvimento, impactando na capacidade cognitiva e nas interações sociais do indivíduo” (Moreira e Aragão, 2022, p. 10).
Transtorno do desenvolvimento reconhecido como déficits da comunicação, interação social, comunicação verbal e não verbal, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados, interesses restritos e comportamento, com efeitos múltiplos e variáveis em domínios superiores do desenvolvimento humano, segundo Mello (2007, p. 16). Considerado um problema de saúde pública mundial, conforme a Organização Mundial da Saúde.
Por ser categorizado como um espectro, significa que no autismo, seus sintomas variam amplamente em gravidade, sintomas e impactos de pessoa para pessoa. Diante do exposto, intervenções e métodos de ensino são adotados para viabilizar, possibilitar as habilidades socio comunicativas e a qualidade de vida de pessoas com transtorno do espectro do autismo, dentre esses tem-se a Análise Comportamental Aplicada ou ABA, sigla em inglês para Applied Behavior Analysis.
Essa terapia procura entender e, se possível, melhorar ou modificar comportamentos positivamente e com eficácia, principalmente porque oportuniza um espaço onde os autistas possam, além de desenvolver suas habilidades sociais, emocionais, afetivas e comunicativas, se sentir seguros, reduzindo comportamentos desafiadores. A terapia Análise Comportamental Aplicada, discutida aqui por Camargo e Rispoli,
[…] é caracterizada pela coleta de dados antes, durante e depois da intervenção para analisar o progresso individual da criança e auxiliar na tomada de decisões em relação ao programa de intervenção e às estratégias que melhor promovem a aquisição de habilidades especificamente necessárias para cada criança (p. 641, 2013).
Nesse sentido, os autores Camargo e Rispoli (2013) afirmam que a terapia ABA é um processo que contribui significativamente na promoção da qualidade de vida de pessoas com TEA, por meio de intervenções individualizadas e bem estruturadas, na intenção de identificar e entender os comportamentos do autista, identificando quais necessitam de intervenções. Para tanto, seguem alguns protocolos como “programas como o contato visual, imitações, comunicação funcional, entre outras atividades. A principal característica da técnica ABA é o
uso de reforçadores, no caso, o objeto de maior interesse da criança” (Sousa; Silva; Ramos; Melo, p. 120, 2020).
Ainda, conforme expressam Camargo e Rispoli,
[…] intervenção baseada na ABA tipicamente envolvem identificação de comportamentos e habilidades que precisam ser melhorados (por exemplo, comunicação com pais e professores, interação social com pares, etc.), seguido por métodos sistemáticos de selecionar e escrever objetivos para, explicitamente, delinear uma intervenção envolvendo estratégias comportamentais exaustivamente estudadas e comprovadamente efetivas (p. 641, 2013).
Diante do exposto, podemos afirmar que a ABA e suas ações representam possibilidades de interação e inclusão, bem como melhoria no comportamento social, na expressão, na relação, na atenção e nos comandos direcionados ao autista, podendo ser desenvolvida somente com o autista ou também com seus familiares.
Um aspecto relevante dessa terapia é que pode ser adaptada aos desafios e às necessidades específicas de cada pessoa, e de maneira individualizada ensina competências e habilidades essenciais para o portador do TEA, promovendo independência, segurança e confiança, permitindo que seja compreendido e respeitado, uma vez que possibilita a ampliação da autonomia e do repertório comportamental do mesmo. Finalizando, pode-se destacar que a terapia ABA proporciona às pessoas autistas oportunidades para interagir, aprender e se adaptar à sociedade na qual estão inseridas, de maneira inclusiva e com o respeito que merecem, conduta fundamental para todos.
REFERÊNCIAS
CAMARGO, S. P. H., & RISPOLI, M. (2013). Análise do comportamento aplicada como intervenção para o autismo: definição, características e pressupostos filosóficos. Revista Educação Especial, 26(47),639-650. doi: 10.5902/1984686X9694
MELLO, Ana Maria S. Ros de. Autismo: guia prático. cinco ed. São Paulo: AMA. Brasília: CORDE, 2007.
MOREIRA, Marcos da Silva; ARAGÃO, Gislei Frota Aragão. Levantamento_historico_de_publicacoes_sobre_o_transtorno_do_espectro_autista_inseridas_na_plataforma_PUBMED_DE_1946_A_2022. Transtorno do espectro autista [livro eletrônico]: concepção atual e multidisciplinar na saúde / organização Gislei Frota Aragão. –– Campina Grande : Editora Amplla, 2022. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/714912/2/TranstornoEspectroAutista.pdf. Acesso em fev de 2025.
SOUSA, Deborah Luiza Dias de; SILVA, Annaline Luzia da; RAMOS, Camila Maria de Oliveira e MELO, Cynthia de Freitas. Análise do comportamento aplicada: a percepção de pais e profissionais acerca do tratamento em crianças com espectro autista. Contextos Clínicos, v. 13, n. 1, jan./abr. 2020.