A adolescente Lívia Goulart Belmiro morreu aos 16 anos após procurar ajuda em oito ocasiões em unidades de saúde em Canoas, na Região Metropolitana. Sete tentativas foram realizadas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Liberty Dick Conter, conhecida como UPA Caçapava. A outra ocorreu na Unidade Básica de Saúde (UBS) Santo Operário. A jovem faleceu em 9 de abril em virtude de uma infecção generalizada adquirida após quadro agudo de apendicite não diagnosticado.
Em uma postagem em seu Facebook, feita em 11 de abril, a mãe, Jaqueline Goulart, moradora do bairro Mathias Velho, escreveu:
“Eu sou a mãe da Lívia Goulart, a menina de 16 anos que faleceu por conta de negligência médica. Não consigo nem descrever o tamanho da minha dor. Vivi dias pavorosos com minha filha. Tudo porque o nosso sistema de saúde é um fiasco. Não são capazes de identificar a diferença de uma doença para outra. Minha revolta é muito grande. Como serão meus dias agora?”, dizia trecho da postagem.
Procurada por Zero Hora neste sábado (19), a mãe, Jaqueline disse que não concederia entrevistas sobre o assunto por estar muito abalada com a morte da filha.
A prefeitura de Canoas encaminhou nota onde afirma que será aberto “um processo de sindicância para averiguar os fatos” (leia mais abaixo).
MP investigará o caso
Na quarta-feira (16), o vereador Ezequiel Vargas Rodrigues (PL) ingressou com denúncia junto ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS). O número do protocolo é 01506.001.208/2025. O vereador também apresentou à Comissão de Saúde da Câmara Municipal documentos fornecidos por Jaqueline Goulart com datas, horários e outras informações dos atendimentos e tratamentos relacionados à sua filha.
A reportagem de Zero Hora teve acesso aos prontuários dos atendimentos, que ocorreram nos dias 12, 16, 19, 20, 21, 22, 27 e 31 de março. Em 19 de março, por exemplo, foram receitados o uso de dipirona e ibuprofeno para a paciente. No dia seguinte, Lívia foi submetida a uma ecografia do aparelho urinário. Em 31 de março, nas observações do atendimento consta o que a menina sentia “dor nas costas à esquerda e vômito há três semanas sem melhora”.
No dia 3 de abril, com a piora do quadro de saúde, Lívia conseguiu um leito no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG). Na instituição, uma tomografia constatou a apendicite. A jovem, que era estudante da Escola Estadual de Ensino Médio Guilherme de Almeida, ainda passou por duas cirurgias, mas faleceu seis dias após dar entrada no local.
O MP-RS afirma que “foi instaurado um expediente no MP e foi distribuído para a Promotoria Criminal de Canoas. Agora vai ter o andamento (da investigação).”
O que diz a prefeitura de Canoas
Neste sábado, a prefeitura de Canoas encaminhou uma nota sobre o caso. Confira, abaixo, o que diz:
“A Prefeitura de Canoas lamenta profundamente o ocorrido e informa que será aberto um processo de sindicância para averiguar os fatos, para que situações similares não se repitam“.