Adultos usando chupetas, mamadeiras e linguagem infantil: saiba o que é o comportamento “age regression”

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Usuários publicam vídeos utilizando chupetas, mamadeiras e itens típicos da infância no TikTok. @justjenna_84 / @.bellascans / TikTok / Reprodução

Adultos usando chupetasmamadeiras ou outros objetos típicos da infância têm aparecido com frequência em vídeos no TikTok. A prática está associada ao chamado age regression (regressão de idade, em português) — comportamento em que a pessoa retoma hábitos de fases anteriores da vida para se sentir segura, aliviar o estresse ou reduzir a ansiedade.

Embora presente em diferentes países, o fenômeno ganhou destaque recente na China, onde as chupetas em tamanho adulto se tornaram um produto em alta. 

Vendidas em plataformas como o Taobao, custam de 10 yuans (cerca de R$ 7) a 500 yuans (R$ 380) nos modelos mais sofisticados, segundo o New York Post. Há comerciantes que relatam vendas de até 2 mil unidades por mês.

— Quando estou sob pressão no trabalho, sinto uma sensação de segurança que vem da infância — contou um consumidor ao jornal South China Morning Post.

Fenômeno psicológico

Para o terapeuta e educador parental Renato Caminha, o uso de chupetas por adultos vai além dessa simples busca por conforto. Ele enxerga a prática como parte de um movimento de pertencimento e diferenciação, alimentado pelas redes sociais.

— Nós somos a mais social de todas as espécies sociais. As pessoas precisam do reconhecimento dos pares. Ao mesmo tempo que buscam se diferenciar, se identificam com coisas que podem parecer bizarras ou estranhas. É como se estivessem levantando uma bandeirinha: “Estou aqui, eu existo” — afirmou em entrevista ao Timeline, da Gaúcha, nesta quinta-feira (14) (confira abaixo).

O especialista aponta ainda que a popularidade entre jovens da geração Z, especialmente dos 13 aos 28 anos, também se relaciona com o que chama de “adolescência tardia”, fenômeno influenciado por mudanças sociais e econômicas.

— Hoje, muitas pessoas saem da casa dos pais só aos 30 anos ou mais. Até lá, permanecem dependentes, o que prolonga comportamentos e interesses típicos da adolescência — explica.

Tendência de consumo

Para Caminha, o fenômeno não se sustenta apenas em questões emocionais: há também uma engrenagem comercial por trás. Assim, objetos simples, como as chupetas, ganham versões mais sofisticadas, viram tendências nas mãos de influenciadores e se transformam em modas passageiras.

— Por trás disso, existe uma diferenciação ligada ao consumo. As chupetas ficam mais caras e elaboradas, assim como aconteceu com o bebê reborn, que passou de brinquedo infantil a item de colecionador. É provável que, em poucos meses, essa moda seja substituída por outra, impulsionada pela mesma lógica: consumo, engajamento e projeção — avalia.

Ele acrescenta que essa dinâmica é potencializada pelo ambiente digital, que estimula o que chama de “infantilização de adultos”.

— Temos um grande palco coletivo chamado rede social. Ali, todos buscam reconhecimento, seja exibindo ideias, o corpo ou um objeto da vez. A chupeta é só mais um exemplo desse ciclo — diz.

O que dizem os usuários?

No TikTok, os relatos de quem aderiu à tendência misturam humor e desabafo. “Melhor coisa para acalmar… amo e não largo a minha”, disse uma internauta, sobre o uso de chupeta.

Outros comentários seguem a linha do apoio: “eu nunca julgaria uma pessoa que está sendo feliz do jeitinho dela” e “é, às vezes a gente tem que aceitar que crescemos”.

Mas o debate também encontra resistência por parte de alguns usuários. Críticas apontam exagero ou até distorção do conceito de age regression

“Os caras confundindo regressão de idade com infantilismo e ainda romantizando infantilismo”, escreveu um internauta. Por fim, outro questiona o comportamento de forma direta: “cê tem quantos anos, moça? (sem hater)”.

Infantilismo

Apesar de alguns internautas confundirem age regression com infantilismo, os dois conceitos são diferentes. Segundo o educador parental, no caso da história das chupetas, há mais relação com imaturidade emocional e busca por validação do que com práticas de natureza sexual.

— O infantilismo seria justamente a busca de um conforto emocional, de ser suprido emocionalmente, de ser validado emocionalmente, em busca de um carinho. Isso, muitas vezes, pode funcionar como uma substituição de um colo: alguém gosta de mim, me dá atenção. E a atenção acaba funcionando como uma validação afetiva, mesmo que momentânea, por estar usando uma chupeta — explica.

Para ele, a age regression exibida nas redes é um comportamento tipicamente adolescente.

— Uma pessoa que precisa buscar esse tipo de trend para se sentir validada tem uma carência emocional muito grande. É um vazio que busca uma complementação por consumo, por validação, por aceitação, por pertencimento a um grupo específico — afirma.

Embora o hábito não represente, por si só, um risco psicológico direto, ele pode servir como sinal de alerta para pais e responsáveis. 

— Em muitos casos, revela necessidades emocionais não atendidas, que se expressam por meio de comportamentos que oferecem conforto imediato, mas não resolvem a origem do problema — completa.

GZH – Produção: Murilo Rodrigues

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