Após reunião tensa e cobrança em público, chefe de Polícia anuncia aumento de plantonistas em delegacia da mulher

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Guilherme
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Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

A vistoria do chefe da Polícia Civil, Fernando Sodré, na sede da 1ª Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher (1ª Deam), na manhã desta sexta-feira (2), no Palácio da Polícia, em Porto Alegre, foi tensa e teve altercações. Entre cobranças pelo vazamento de informações à imprensa e questionamentos sobre dados estatísticos de atendimento no balcão que não seriam fidedignos, ele também confirmou, ao final da agenda, que o efetivo de plantonistas da unidade foi aumentado (leia mais abaixo).

A passagem de Sodré pela unidade durou mais de uma hora e teve reunião a portas fechadas com as delegadas Cristiane Ramos, diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam), e Carolina Funchal Terres, chefe do plantão do 1ª Deam, além de outros servidores.

A visita tinha o objetivo de discutir a qualificação das rotinas da 1ª Deam, que está com carência de efetivo no plantão. Em ocasiões recentes, houve turnos com apenas três plantonistas. Em um domingo do final de abril, um dos turnos teve apenas dois servidores para atender mulheres em busca de registro de ocorrência ou pedido de medida protetiva. 

Um relatório interno da Polícia Civil comunicou que, entre fevereiro e abril, 307 mulheres desistiram de finalizar boletim de ocorrência no plantão da 1ª Deam por demora no atendimento. As informações sobre a carência de pessoal foram reveladas em reportagens da jornalista Adriana Irion, do Grupo de Investigação da RBS (GDI).

Com diversos policiais de pé entre o corredor e o interior do gabinete da Dipam, Sodré questionou reiteradamente os detalhes que levaram as 307 mulheres a desistirem do atendimento. O chefe de Polícia indagava se era possível apontar a demora como motivo absoluto. As delegadas argumentaram que se tratava de uma probabilidade, já que as vítimas não formalizam a motivação da desistência. Elas levantam das cadeiras posicionadas em frente ao balcão da unidade especializada e vão embora. 

Foi neste momento que Sodré subiu o tom, no meio da delegacia, embora em local frequentado predominantemente por policiais.

— Esse dado (307 desistências) não está qualificado. Por que foram embora? Desistiram? Foram fazer outra coisa? Se acalmaram e acharam melhor não registrar? Não dá para largar esse dado na imprensa — estrilou Sodré, em momento presenciado pela reportagem.

Na sequência, o debate seguiu acalorado em torno da dúvida sobre quem supostamente havia levado as informações ao conhecimento da imprensa. Logo depois, os policiais passaram ao interior do gabinete e a porta foi fechada. A reunião seguiu por aproximadamente meia hora.

No início da conversa, Sodré reconheceu a carência de plantonistas, mas afirmou que um “gargalo” precisava ser corrigido na gestão da 1ª Deam. Ele se referiu ao modelo de fila única para o atendimento de mulheres vítimas de violência. Os casos com prisão do agressor em flagrante pela Brigada Militar são prioritários e passam à frente. A consequência é que mulheres interessadas em registrar um boletim de ocorrência ou pedir medida protetiva ficam em esperas prolongadas. Em caso recente, uma mulher aguardou mais de oito horas para formalizar a queixa.

Seis plantonistas por turno

Ao final da reunião, os policiais deixaram o gabinete com ares mais serenos e amigáveis. Sodré anunciou o aumento dos plantonistas na 1ª Deam: serão seis por turno para atender a demanda. O reforço foi garantido com a adoção de medidas administrativas de manejo pessoal na Polícia Civil. O chefe de Polícia comentou que o número ideal seria de oito servidores, conforme informado a ele pelas delegadas. Novas medidas serão tomadas para tentar alcançar o contingente idealizado.

— Já tínhamos determinado a mudança para seis plantonistas a partir de hoje (sexta-feira, 2)Vamos abrir edital para policiais aposentados. Queremos acrescentar mais duas vagas por equipe. E vamos verificar a possibilidade de policiais voluntários que estão aqui ou na Região Metropolitana e tenham interesse de vir para a 1ª Deam — afirmou Sodré, após a vistoria.

Sabemos que o plantão é muito demandado. O importante é que todas as mulheres entrem aqui e sejam acolhidas. Nos comprometemos a chegar em pelo menos sete plantonistas.

FERNANDO SODRÉ

Chefe da Polícia Civil

Também está confirmado que a delegada Tatiana Bastos assume na próxima segunda-feira (5) a titularidade do Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), repartição que chefia as delegacias de atendimento à mulher no Rio Grande do Sul. Ela também participou da reunião desta sexta-feira e substituirá no DPVG o delegado Christian Nedel.

Sodré afirmou que a reunião foi “muito boa” e manifestou “convicção de que vamos avançar e melhorar na gestão e no acolhimento de mulheres vítimas de violência”.

A reportagem questionou ao chefe de Polícia se uma das motivações da vistoria, dadas as altercações em público, era passar uma reprimenda nos servidores. Ele negou.

— Não é exatamente reprimenda. Às vezes, a gente está meio empolgado, querendo que as coisas funcionem, e passa uma sensação que pode ser errada. Houve um alinhamento para que a gente perceba o quão importante é termos dados fidedignos (referência às 307 mulheres que desistiram do registro de ocorrência). À medida que colocamos um dado dentro de um documento, temos de ter certeza de que ele está qualificado. Percebemos que não é exatamente isso. Não se tem certeza — justificou.

Ele manifestou preocupação com as interpretações possivelmente equivocadas que podem ser dadas às informações contidas em relatórios.

— Um dado sem qualificação em documento pode ir para a gestão pública, para a administração do governo, para a imprensa, para uma série de órgãos, e cria uma ideia inadequada do que aquilo representa. — argumentou o chefe de Polícia.

A sensação é de que 307 pessoas foram embora por falta de atendimento e atraso. Na verdade, não se sabe se é isso. Temos de qualificar o dado para fazermos a gestão adequada. Foi só isso que pedi.

FERNANDO SODRÉ

Ao mesmo tempo, ele disse que não buscava desqualificar o levantamento e afirmou ser “muito importante” entender as razões que levaram 307 mulheres a irem embora sem fazer o registro da queixa.

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Durante duas horas, na manhã desta sexta, 10 mulheres foram atendidas no balcão da 1ª Deam, onde Sodré esteve.Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

Demanda forte

A reportagem acompanhou a rotina da 1ª Deam, no Palácio da Polícia, por cerca de duas horas na manhã desta sexta-feira. Somente entre 9h30min e 10h30min, o balcão recebeu e prestou atendimento a 10 mulheres que desejavam registrar ocorrências relacionadas a oito episódios de violência. O homem que agrediu uma delas foi preso em flagrante e apresentado no plantão. Mais tarde, às 11h20min, chegou sob condução da Brigada Militar outro agressor detido. Existe uma cela no interior da 1ª Deam para receber os suspeitos.

Fonte: GZH

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