Coluna de Isaac do Carmo – Relíquias de um Campeiro

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Foto: Isaac do Carmo Cardozo

Por: Isaac do Carmo Cardozo – Colunista

Segundo o dicionário da internet, relíquia é um objeto de grande valor sentimental, histórico ou religioso — podendo ser algo pessoal, um resto físico de alguém importante ou algo que testemunhou um evento marcante.

Esses dias, alguém me disse:
— Mas tu passa atrás de “caco antigo”!
Respondi que, para mim, não são cacos: são relíquias.

Herdei duas bombachas antigas que pertenceram ao meu avô paterno, Neli Santos Carmo, um taura do Rincão do Meio. Essas bombachas têm características próprias da época: bolsos grandes, capazes de guardar uma garrafa de canha, e favos laterais feitos à mão. Essa indumentária, diga-se de passagem, foi confeccionada por sua mãe, minha bisavó Marculina.

O tempo, claro, deixou suas marcas e alguns furos no tecido, mas sigo usando-as como forma de relembrar o passado. Para mim, são relíquias de valor sentimental inexplicável, pois carregam não apenas a história de meu avô, mas também a de um tempo que não volta mais — deixando apenas lembranças e feitos.

Quando negocio algum objeto campeiro, sempre observo a marca, a origem e a qualidade do material. É assim com uma faca do meu acervo, feita pelo mestre Miguel Bicca — grande compositor de São Borja que também se aventurou na forja de facas. Essa peça, conhecida como Faca Dois Touros, tem um valor especial para mim e para todos que guardam sua memória com saudade.

Quantas vezes já ouvimos expressões como:
— Não vendo porque era dos meus avós.
— Não está para brique porque foi um presente do meu tio antes de partir.

Tudo isso são relíquias: pedaços de uma vida que, para quem tem afeto, carinho e história, merecem ser preservados, para que não se percam com o tempo. É também manter por perto a lembrança de quem amamos.

Nas minhas campereadas culturais e pesquisas históricas, tive a oportunidade de visitar o Capão do Mandiju — cenário de um confronto entre maragatos e chimangos de São Borja, liderados, respectivamente, por Aníbal Padão e Deoclécio Dorneles Motta. Lá, encontrei restos de cápsulas de projéteis desse combate, ocorrido há mais de 100 anos. São relíquias de nossos ancestrais, que remetem ao estampido das armas e ao sangue derramado para que nossa tradição sobrevivesse.

A nostalgia dessas relíquias é como um rio que corre e se afasta, mas cuja lembrança permanece. Mesmo sem a presença física, o valor está na história que carregam e no que representam.

Relíquia também pode ser um abraço, o contemplar de um pôr do sol ao lado de quem amamos, ou a escrita de uma história de gratidão. Estamos apenas de passagem, e é nosso dever deixar um legado para os que virão.

Construa relíquias para que, no futuro, alguém se lembre de você.
Que elas permaneçam vivas na memória de quem fica.
As minhas, eu quero levar comigo — em respeito à história dos que aqui passaram.

O tempo seguirá… e logo adiante, nós também seremos relíquias.

Isaac Carmo Cardozo é 1°Sargento da Brigada Militar, Bacharel em Direito pela Unilassale/Canoas, Especialista em Gestão Pública pela UFSM/Santa Maria e Mestre em Políticas Públicas pela Unipampa/São Borja. Escreveu o livro: Monitoramento de Políticas Públicas de Segurança – O Programa de Resistência às drogas e a violência (Proerd) no Município de São Borja. Tradicionalista, é Coordenador da Invernada Especial do Centro Nativista Boitatá. Historiador e pesquisador e apaixonado pela cultura do Rio Grande do Sul.

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