Colunca de Isaac do Carmo: Um dos últimos construtor de chalanas de São Borja

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Foto: Isaac do Carmo Cardozo

Por: Isaac do Carmo Cardozo – Colunista

A construção de embarcações é um dos marcos iniciais para que o mundo se tornasse mundo — desde os primórdios, quando tudo era apenas água.
A história dos barcos e de sua construção é também a história da humanidade: a Arca de Noé, que serviu de refúgio nas águas que inundaram a Terra; o milagre de Cristo na pescaria com os discípulos; o redescobrimento da América, possível graças aos barcos.

Nas minhas camperiadas culturais, deparei-me com a figura do senhor Gibrair Nascimento Costa, de 68 anos, dos quais 45 dedicados à construção de chalanas — os barcos dos pescadores — às margens do rio Uruguai.
Embora tenha residência fixa na rua Bento Gonçalves, são as matas e o rio Uruguai que ele chama de quintal, pois foi ali que se criou, sobre uma chalana, acompanhando o seu pai na pesca.

Em nossa prosa, enquanto olhávamos a enchente que avançava em direção à sua casa, relatou-me que, nestes 45 anos, construiu mais de mil chalanas ou barcos de pescadores. Conta que leva, em média, cinco dias para construir cada um, utilizando madeira de eucalipto-branco, embora prefira as de louro, cedro, canafístula, canela-amarela e canela-veado, que considera mais nobres.
O valor de um barco completo, pintado e com nome e número de registro, gira em torno de 1.400 reais.

Entre as aventuras que viveu, lembra com orgulho da viagem em que navegou com seu barco até a ilha de Mercedes, a cerca de 45 km, subindo o rio Uruguai.
Este ofício, diz ele, aprendeu sozinho, apenas observando as chalanas — a curiosidade despertou-lhe a vontade de construir. Recorda que a primeira ficou “muito feia”, mas, com o tempo, foi aprimorando sua técnica e hoje suas embarcações têm uma marca registrada: o fundo oval, que permite melhor flutuação e deslize sobre a água.

Tem na esposa sua maior ajudante e incentivadora. Quanto ao futuro deste ofício, lamenta que poucos ainda se interessem em aprender a arte de construir barcos. Recorda com carinho de seu Tuliano, hoje cego, e também de antigos mestres do rio, como Chico Rodrigues, Reino Carvalho e Seu Keno, que deixaram sua marca nesse trabalho.

Guarda uma esperança no neto Paulinho, que demonstra interesse em aprender o ofício e talvez dar continuidade ao legado.

Hoje, suas chalanas navegam espalhadas pelos rios Ibicuí, Ibutuí e tantos outros. Assim como um barco precisa da água, Seu Gibra não vive longe do rio. Como ele mesmo diz: “Sou capaz de morrer se ficar longe. Nasci na beira do rio e quero findar minha vida junto às suas águas.”

Nossos costumes e histórias são o que fazem São Borja rica de pessoas como ele — que fazem de seu trabalho um sacerdócio e deixam como herança um legado para as futuras gerações.

Isaac Carmo Cardozo é 1°Sargento da Brigada Militar, Bacharel em Direito pela Unilassale/Canoas, Especialista em Gestão Pública pela UFSM/Santa Maria e Mestre em Políticas Públicas pela Unipampa/São Borja. Escreveu o livro: Monitoramento de Políticas Públicas de Segurança – O Programa de Resistência às drogas e a violência (Proerd) no Município de São Borja. Tradicionalista, é Coordenador da Invernada Especial do Centro Nativista Boitatá. Historiador e pesquisador e apaixonado pela cultura do Rio Grande do Sul.

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